quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O fim de uma década


Que todos os que me acompanham e que eu acompanho, aqui e na vida, estejam cá por muitos e longos anos.
Que os que vierem seja por bem.
Que as estradas sinuosas dêem lugar a rectas a perder de vista.
Que os beijos sejam mais quentes e afectuosos.
Que os abraços sejam mais duradouros.
Que a vida se emancipe em todos nós.
Que a verdade perdure.
Que o amor vença, seja ele de que tipo for.

A todas...

A todos...

...até para o ano.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Uma gaivota na chuva

O mar atirava-se contra as rochas qual animal ferido e enjaulado a desesperar pela liberdade que o levasse para longe do tormento.
Os céus choravam o amor de Verão, em que as plácidas águas, azul transparente, abraçavam os areais e se perdiam a fazer amor suavemente ao pôr do sol e pela noite fora.
Impávida a tudo isto, uma gaivota, qual rei em seu trono, mirava o horizonte. Parecia perdida em pensamentos, alheia a um mar que se revelava cada vez mais ameaçador. Os animais não são assim tão diferentes de nós. Ou talvez o sejam, para melhor. Perdem-se a olhar o horizonte. Vivem o dia na única certeza que o sol nasce a Este e se põe a Oeste. E todos os dias são uma batalha. Não têm tempo para stress, depressões ou angústias, mas têm tempo para olhar o mar., sentir a chuva nas asas, os que as têm, e ver o sol a beijar as nuvens. Se o compreendem, não sei. Mas o que há para compreender na Natureza?
"A borboleta é apenas borboleta. E a flor é apenas flor." já dizia o mestre Caeiro.
O céu começa a ficar mais carregado e as gotas engrossam, metralhando o chão com violência. Na sua rocha sobranceira ao mar, a gaivota sacode um pouco as asas e volta a perder o olhar no vazio. Já terá por ventura comido, penso para mim.
Ao longe um barco enfrenta a tormenta e o cheiro metálico da tempestade chega-me com o frio de um vento molhado que me bate no rosto. Atrevo-me a fechar os olhos e a deixar a chuva penetrar o cabelo e traçar veredas até se libertar no rosto e morrer-me nos lábios. Sinto ao de leve o seu sabor, o sabor de uma Natureza à qual sinto pertencer, da qual sou mais filho que desta em que me obrigo a viver.
Na Natureza dos homens, os elementos já se perderam e a chuva não sabe ao mesmo. O vento gela e não abraça e as gaivotas não olham o mar, ou, simplesmente, nós já não nos detemos a vê-las olhar o mar.
Abro os olhos e refugio-me no conforto do carro. Ligo o rádio e escuto, baixinho, entrecortado entre a chuva que bate no vidro, o som de Nina Simone, Wild is the wind. Apropriado.



"You...
touch me...
I hear the sound
of mandolins
You...
kiss me...
With your kiss
my life begins
You're spring to me
All things
to me"

Lá fora, a gaivota olha a rebentação. Vejo-a abrir as asas e, aproveitando uma rajada de vento, faz-se ao céu que parece agora menos ameaçador.
Olho no retrovisor, com o seu bater de asas compassado ao ritmo do vento, conforme vai ficando mais pequena, e mais pequena, até se perder por completo no horizonte a gaivota que na chuva olhava o mar.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Carta

Nos relógios residem angústias.
Os ponteiros arrastam-se lentamente e os dias não passam.
É sempre assim quando desejamos muito que chegue algo. Quando queremos ansiosamente que o amanhã seja já hoje. Quando, no fundo, perdemos a capacidade de esperar.
O amor desespera-nos. As horas tornam-se dias e os dias anos quando estamos longe de quem nos faz sentir bem. De quem nos completa e nos faz, verdadeiramente, felizes.
Uma amiga disse-me, uma vez, que os sonhos, as ilusões, não deixam o tampo da sanita levantado. Eu pensei, eu também não, mas no fundo percebi o que ela queria dizer.
Segunda feira, dia 28, faço seis meses de namoro. Um namoro inesperado, surpreendente e que, por isso mesmo, despertou medos, inseguranças, incredulidade e até desconfiança.
Não me parecia real. Não estava já habituado a namorar. Admito que me tinha já, de certa forma, resignado a ir aproveitando as relações fugazes que a vida me ia trazendo. Poderia ter sido assim contigo. Não o foi, porque tu soubeste ser a namorada que eu já não esperava, que eu ainda não sabia existir.
Durante todo este tempo (parecem anos), houve momentos bons, muito bons e outros maus, péssimos, em que quase ia tudo por água abaixo. No entanto, voltaste a saber ser, a saber estar. Poderás dizer-me que também eu o soube, mas, enfrentando a tua assumida teimosia, digo-te, tens sido a minha, a nossa, âncora.
Nestes seis meses não te mostrei a ilusão. Mostrei que, figuradamente, deixo o tampo da sanita levantado. Não sou fácil e tu já o sabes.
Tu és hoje a curva exponencial do meu sentimento, do meu amor e, poderia dizer-te neste momento, que te amo, desafiando o cepticismo de quem me lê e que duvida certamente que se possa amar em apenas seis meses, mas não o vou fazer. Vou continuar a remar, a teu lado, no teu compasso, demonstrando a cada instante aquilo que muitos perguntam ser.

Neste novo ano que se aproxima, não formulo desejos, apenas te dou a certeza de continuar a ser como até aqui e , conhecendo-te, sei que dessa forma vais conceder o desejo que mais espero concretizar, estar a teu lado.

Teu

Menino do Mar

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dúvida


Qual é o ingrediente que todos os doces de Natal levam, que nos deixa nostálgicos, pensativos e uns lamechas de primeira?
Mais importante, qual o antídoto?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal


E porque o Natal deve ser Paz, deixo-vos com esta imagem.
Obrigado pelos vossos desejos de Feliz Natal. Fazem eco em mim e repetem-se para vós.


PS: já tá na hora das prendas? :))

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

No vidro das janelas


No vidro das janelas que me separam do exterior, forma-se uma película de micro gotas que, ao mesmo tempo que torna a paisagem quase opaca, se apresenta para mim como uma tela carente do afecto de meus dedos.
Risco de alto abaixo o vidro gelado.
À minha passagem, gotas maiores formam-se e desprendem-se, sulcando as mais pequenas e formando rastos de lágrimas até morrerem na madeira por baixo.
Aproximo o rosto do vidro. Encosto-o na humidade, acariciando a superfície gelada, imaginando-me em ti. Ergo a mão e encosto a palma à barreira invisível, molhada, que afasta o vento e me fecha em mim.
Há sempre uma barreira intransponível. Sempre um vidro molhado que torna o horizonte opaco, frio como o gelo que se adivinha lá fora.
Este frio és tu. Cada vez mais longe, mais diferente, mais ausente.
O vidro molhado sou eu, um mar de lágrimas pronto a soltar-se ao mais pequeno toque.

Lá fora, o mar está bravo e o vento chicoteia a paisagem, mudando dunas e vidas.
Não sei se abra a janela. Não sei mesmo...

"El conejo" rules

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Na porta da minha casa


Tenho um saquinho de veludo que trago sempre comigo. Nele guardo as estrelas tímidas que se escondem do sol durante o dia.
À noite, quando chega a Lua, abro os cordões de pele, e, devagarinho, deixo-as sair uma a uma.
Povoam o céu azul pesado alegremente. Por vezes, descubro uma ou outra adormecida no fundo do saco. Tomo-a nas mãos e, com um leve sopro, embalo-a para o firmamento.
Quando já estão todas nas suas posições, deito-me de costas na relva fresca e fico a vê-las gozarem da companhia da bela mãe Lua, protectora das estrelas.
No momento em que a aurora começa a desbravar o horizonte nocturno, abro novamente o pequenino saco de veludo e ponho-o a meus pés, sobre a relva que me servira há bem pouco tempo de leito.
Uma a uma vão-me sorrindo e saltando para dentro do saco. A última, como sempre, é a estrela da manhã. Tenho que a chamar e prometer-lhe que a deixo ser a primeira a sair na próxima noite.
O sol está a subir no céu e olha-me com um ar zangado, no exacto momento em que puxo os cordões de pele. Sorrio-lhe e vou até casa. São horas de dormir. Mais uma noite que passou.

Na porta da minha casa, tenho o mais belo cinema do mundo. Um universo de estrelas em exibição, noite após noite, só para mim.

Há muito tempo...


... que um filme não me deixava assim.
Boquiaberto
Embevecido
Emocionado
Incapaz de articular uma opinião.

sábado, 12 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Desafio Maníaco

A LIA, para além de espalhar doçura por essa blogoesfera fora, resolveu também espalhar este desafio que, com muito gosto, vou responder.

Assim sendo, a tarefa consiste em enumerar cinco manias minhas e passar o desafio a cinco seguidores meus.

1ª mania: Tenho a mania que não tenho manias.

2ª mania: Ao acordar, vir directo à sala e ligar a tv nas notícias da TVI.

3ª mania: Comer primeiro o recheio dos pastéis de nata com a colher com que mexo o café e a massa no final.

4ª mania: Estar constantemente a dizer piadas que, muitas vezes, as pessoas não compreendem.

5ª mania: Dormir agarrado a uma almofada quando estou sozinho.

E pronto, estas são as que me lembro assim mais facilmente, agora é nomear cinco dos meus seguidores:

1- Maçã e canela, porque já chega de pausa!
2- Cereja, porque tem umas manias engraçadas de certeza.
3- Anna, para satisfazer a minha curiosidade, serão as suas manias inconscientes?
4- Hyndra, porque adoro o blog dela
5- Vani, porque sei que lhe vou dar cabo da cabeça ao fazê-la escolher só cinco!!

E pronto, já tá :)

Máscaras


Hoje, sem máscaras, sem artifícios, sem metáforas vou para a rua.
Até logo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma paixão

O dia é longo e o chegar a casa prolonga ainda um pouco mais o trabalho. É comer qualquer coisa e gastar as poucas energias em arrumar o que tão facilmente se desarruma.
Depois, é passar os olhos pelos vossos espaços e tentar contrariar o corpo que se molda ao sofá, numa ânsia de adormecer, e deixar mais um pouco de mim para vocês.
Uma noite destas, quase sem me aperceber, apaixonei-me por algo sem o qual já não passo.
Há quase seis meses que tenho o acesso cabo da MEO e este canal, sinceramente, tinha-me passado completamente ao lado. Agora dou por mim a pensar no momento em que vou chegar a casa, ligá-lo e deixar-me embalar pela playlist escolhida por alguém longe, que nunca me viu, nunca me verá, e que no entanto parece saber na perfeição o que eu preciso para esquecer o que me rodeia. O que preciso para me entregar a mim próprio, numa banda sonora que, como dois braços, me embala.

O canal chama-se C-MUSIC, este é o LINK, e sinceramente, do que estão à espera? Posição 152 da MEO.


Hoje amanheceu assim...


... como se o mar se sublimasse, para se abater sobre o areal e o meu corpo, num abraço de névoa, pedaço de mar, pedaço de mim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Tons e sons


Uma sirene ao fundo.
A sala em silêncio.
O sol a fazer-se convidado janela dentro.
Uma vela por arder
um incenso queimado.
O bater de uma alma
em compasso apertado.
A rua vazia.
No vento que corre
uma dança balança
entre um swing e um fado.
A chuva escondeu-se
por detrás do azul
o meu caminho é um mapa
sem norte e sem sul.

domingo, 6 de dezembro de 2009

I've been to...

Inicio hoje uma pequena rubrica aqui na Casa. O intuito é dar-vos a conhecer um pouco mais de mim e, ao mesmo tempo, enganar a falta de inspiração para a escrita que tanto me aflige.

Assim sendo, vou, de vez em quando, publicar fotos de sítios por onde já passei :)
Hoje a contemplada é a bela Budapeste.



Beijos e bom Domingo.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Florbela


Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Um assunto medronho


Esta vida de vendedor não é fácil. É entrar num cliente e,

- Vai um medronho? Olhe que é caseiro, é do bom!

Antes, que eu tenha tempo de responder, já o copinho típico está cheio.

A seguir, noutro cliente,

- Então, o que vai?
- Nada, obrigado senhor António.
- Ora essa, vá, uma minizinha não mal nenhum.

Antes de articular qualquer som, já o barulho da carica a sair me silenciou.
Embora nem sempre me sinta mesmo com vontade, a verdade é que a genuinidade do gesto, me desarma completamente, e acabo por aceitar com um sorriso.
Há pessoas que, na sua simplicidade, nos fazem sentir bem. E isto torna os meus dias, sem dúvida, mais admiráveis. :)

Espírito de Natal precisa-se.


Este ano estou desavindo com o espírito natalício.
Eu, que sempre fiquei entusiasmado com esta época do ano, com a música, os cachecóis, as luzinhas e decorações, este ano parece que não sinto nada :(

Espiríto de Natal precisa-se.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

No céu nascem as nuvens


O céu azul do feriado convida ao sonho.
As ruas estão vazias de barulho, vazias de almas. Só eu e uma pequena brisa ousamos incomodar a quietude de um dia ausente.
Aqui e ali, quais carneirinhos celestes, as nuvens brancas dão colorido e pedem-me um sorriso, que concedo. Sou uma alma bem mandada. Reajo sempre ao que a vida provoca em mim.
O sol imperial não consegue disfarçar uma Lua que no céu se esconde à transparência, na sua fase mais admirável. Aquela em que desperta os desejos e faz nascer crianças e amor pelo mundo fora. Sim, a lua está cheia, e nem a claridade invulgar de um dia de Outono a faz desaparecer.
De uma ou outra pastelaria, em que alguém ousou desafiar a preguiça, vem o cheiro de pão e croissants acabados de sair do forno. É um cheiro que quase alimenta, quase se mastiga e nos faz transpôr a porta e procurar satisfazer um ou outro desejo, dando voz ao mais doce dos pecados, a gula.
A sala está quente, não demasiado, o suficiente para me sentir confortável. O cheiro que me despertara o desejo, mistura-se agora com o do café acabado de moer, o da bica acabada de tirar e que, na chávena escaldante, atrai como um bálsamo da vida.
A cafeína acorda meio mundo, faz girar a maioria das sociedades ditas desenvolvidas, e eu, que quero parecer desenvolvido, peço um café e um pastel de nata e sento-me na mesa do canto, onde posso observar as gentes e as nuvens que brincam no céu, formando imagens só perceptíveis aos mais criativos.
A rapariga que me serviu, já a conheço. É a Cristina sem sonhos. Deixou-se perder pelo caminho e quando quis encontra-se, tinha dois filhos e nenhum marido. Acabou por se deixar ficar e ir dando um passo de cada vez.
Triste esta sociedade que estrangula os nosso sonhos.
Abro o Molenskine, destapo a caneta, e começo o meu dia a escrever frases soltas, entre golos de café e pequenas dentadas de pastel de nata.
Na maioria dos meus dias, não me sinto feliz. Não suporto esse estrangulamento a que estou votado e deixo-me dominar por uma tristeza intrínseca, inapelável e sobretudo inexplicável.
A perspectiva faz-me mudar muito o que sinto. Por vezes, basta um pensamento mais alegre para me deixar bem disposto e feliz e a verdade é que hoje, nesta pastelaria da esquina, entre um café e um pastel de nata, penso, o que mais preciso eu?
Sim, hoje estou feliz.

Bom feriado a todas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

As portas

O resguardo das almas esconde-se nas portas que se fecham. São elas que nos separam do mundo, que nos protegem, que nos fazem sentir seguros. São elas que transpomos quando odiamos a solidão e que tantas vezes escondem as nossas lágrimas.
Depois, há as janelas. Essas, não as transpomos. Olhamos através delas. Observamos o mundo lá fora, tememo-lo e por fim, decidimos arriscar ou não. Muitas vezes é através delas que nos chegam os cheiros e os tons daquilo que nos rodeia, enquanto nós, enclausurados na nossa fortaleza inventamos reinos, heróis e vilões, e tudo o resto que nos permita viver sem o fazer.
É na sala das traseiras que me sinto melhor. Tem a porta e uma janela a toda a largura da parede, mesmo de frente para o imenso.
Encostada ao parapeito está a secretária. A mesma que serviu de base ao meu avô que, na sua máquina de escrever cinzenta, olivetti, salvo erro, martelou no papel as histórias que a Tia Ana lhe contava ao entardecer de dias de Verão que a minha memória não alcança.
A madeira está polida pelo tempo e é nela que deito as minhas folhas de papel, quais amantes sedentas de tinta. Transporto o azul do mar para o branco marfim do papel em traços erráticos, ao ritmo de um sentimento vagabundo.
Sai-me um poema, uma estrofe desgarrada, um texto melancólico e taciturno, a relembrar as saudades das planícies.
Já não tenho planícies que me faltem.
Flutuo no ar denso de nevoeiro e quando quero pousar, a terra falha-me sob os pés.
Cerro os olhos com força, para impedir que as lágrimas vertam um pouco da alma apertada que se amarrou ao meu peito.
A caneta cai-me das mãos. Levanto-me, fecho as cortinas e viro as costas ao som das ondas a beijarem a areia. Não quero mais mar hoje. Não quero mais sombra de sol ou reflexo de Lua. Hoje quero a minha casa. O cheiro da madeira e o ranger do soalho. Quero a cama e os lençóis frios. Hoje, quero-me a mim.

Regresso


Meto a chave na fechadura, rodo e, suavemente, empurro a velha porta de madeira ressequida pelo sol e sovada pela brisa do mar. Os cheiros trazem-me memórias.
Que saudades desta casa...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Renovações

Há períodos nas nossas vidas em que a necessidade de renovação nos leva a uma quase loucura. Alturas em que a pedrada no charco, o agitar de águas, o mudar, se torna um objectivo ou, até mesmo, uma necessidade vital.
Diz o senso comum que, de sete em sete anos, a personalidade, vulgo alma, no meu entender, faz como que um reset, deixando para trás uma existencia e aventurando-se num novo mundo. É assim aos sete, aos catorze, aos vinte e um, aos vinte e oito, and so on...
Eu sou prova viva desse senso comum.
Mudei em muito mais alturas na minha vida, mas, de facto, por volta dessas idades, a mudança foi menos gradual, menos subtil, mais concreta.
Este momento em que estou, o senso comum não explica, ou, se explica, peca por defeito, pois sou um mar revolto, inquieto, um caminhante sedento de mudança.
Neste momento algo tem que mudar. Não por força da evolução da alma, ou de factores externos. Algo tem que mudar porque assim o desejo.

Há cinco anos que sou blogger. Há cinco anos, que me escrevo para que outros me leiam. Sim. Porque quem escreve num blog quer ser lido. Por muitos, por poucos, não interessa. Quem não quer ser lido, escreve num moleskine e guarda-o a sete chaves.
Conheci pessoas únicas, pessoas excepcionais, mas também conheci gente pequenina, mesquinha, daquelas que são a maioria com que nos cruzamos no dia a dia e, vá-se lá saber porque, esperamos que não existam por aqui.
Os bloggers são seres humanos. Muitas vezes o virtual faz-nos esquecer isso e acabamos desejando serem como os imaginamos. Não o façam. Ninguém é como nós queremos, nem aqui, nem na rua, nem na vida.
Posso, no entanto, dizer que voces, dos mais antigos aos mais recentes, foram uma fonte inesgotável de sentimentos, a maioria bons, muito bons.

Esta é a segunda vez que termino um blog. Espero não ser a última, pois eu, como todos, tenho necessidade de mudar quando algo não está bem. O comodismo nunca foi uma característica minha, quando não me sinto bem, parto para outra.
Neste momento este espaço tornou-se demasiado pessoal e, sei que está na minha mão o caminho que traço nas palavras que aqui deixo, mas já não sei como dar volta á questão. A minha forma de o fazer é fechar a porta.
Esta casa na praia está devoluta e inabitável.

Obrigado pelo vosso carinho, obrigado por terem feito parte da minha vida.
Ainda o fazem, mas neste momento tenho que partir.
Voltarei com um novo espaço, com nova inspiração, com nova vida. Só não sei quando, onde, ou de que forma.

Um beijo
e
Um abraço

partilhados por todos, assim como eu me partilhei nesta casa.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Enganado


Sinto-me enganado, desiludido, levado a crer em algo que não era real.
Sinto que nada é, nem nunca foi.
Sinto que as promessas não passaram disso mesmo.
Sinto que o amor é, como sempre foi, uma campanha eleitoral para mim.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

de mim....

teu copo de vinho
tem o fundo vazio,
tem saudade e tem frio,
e não lhe cansa chorar.

teu corpo sozinho,
tem saliva na pele,
tem a cama despida,
na noite, na vida.

tua sorte cruel,
de abraços perdidos,
e rostos antigos
que em espelhos se agitam.

tuas lágrimas aflitas,
que já não prendes,
que gritas,
molham páginas de livros a fio.

teus medos, segredos,
são mundos, são sonhos,
e meus braços abertos,
caminhos incertos de mim para ti.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Um quase regresso

"Os canteiros de flores são os versos de um jardim"

A partir de amanhã volto a tratar deste meu/vosso jardim.

Perdoem-me a ausência.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

As prometidas fotos

Como vos tinha prometido há uns tempos, aqui ficam as fotos do meu pequeno castelo. Ainda está muito aquém do que quero, mas já dá para irem tendo uma ideia.

Pormenor 1


Pormenor 2


Pormenor 3


Pormenor 4

Infelizmente, tenho que ir comprando as coisas aos poucos que o ordenado não chega para tudo mas, com tempo e paciência, lá para o final do ano, estará tudo como imaginei e desejei :)

Resumo eleitoral

Pois é, como vocês se aperceberam e comentaram, não vou emigrar , até porque tenho medo que aqueles senhores simpáticos do PNR depois não me deixem voltar.
Numa noite em que todos parecem ter ganho, digo, de peito feito, que eu sim faço parte de quem ganhou realmente as eleições. PS? Nada disso, vejamos:

PS - 36,6%
PSD - 29,1%
CDS/PP - 10,5%
BE -9,9%
CDU -7,9%
ABSTENÇÃO - 39,4%

Portanto, eu, que fiquei em casa, fazendo bolo de bolacha, salsichas brasileiras e, mais tarde umas chamuças, faço parte dessa quase maioria absoluta, certo? ;)
Estou à espera que o Cavaco me ligue para formar governo, só ainda não decidi com quem nos havemos de coligar, mas o Nuno da Câmara Pereira parece-me boa aposta!

Agora falando mais a sério, numa noite em que todos cantam vitória, a abstenção (os portugueses que não se revêm em nenhum político nem em nenhuma política) cresceu 4,4% em relação às últimas legislativas.
Não seria este o principal motivo de reflexão dos nossos dirigentes?
Enquanto todos cantarem vitória, lendo os resultados como mais lhes interessa, dificilmente me farão sair do sofá.

domingo, 27 de setembro de 2009

Aviso à navegação

Tenho a informar que se, daqui a uma hora e vinte e dois minutos, o PS ganhar com maioria absoluta ou a Ferreira Leite com absoluta ou relativa, vou emigrar para parte incerta.

Por isso, este pode bem ser o meu último post. Wish me luck! ;)

:)


sem comentários... :)

sábado, 26 de setembro de 2009

Cilantro Song - Hilariante



El perro, el perro, es mi corazón.
El gato, el gato, el gato no es bueno.
Cilantro es cantante,
Cilantro es muy famoso
Cilantro es el hombre con el queso del diablo.

El perro, el perro, es nunca sin raison
El gato, el gato, el gato es obseno
Cilantro es caliente, Cilantro es carinoso
[inaudible because Roger talking in truck]
mejor de su esposo

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Grey's Anatomy is back :)


Depois do final surpreendente da Season 5, eis que regressa a nova temporada da série mais cativante, surpreendente e emocionante dos últimos tempos.
Dois novos episódios para rir, chorar, pensar e sobretudo sentir, dão o mote para o que aí vem.
Não querendo estragar o suspense, deixo-vos apenas a frase que mais me marcou.

"There are five stages of grief, they look different on all of us, but they are always five. Denial, Anger, Bargaining, Depression, Acceptance."(1)

Para já apenas está disponível na net. Para não me acusarem de ser um pirata da pior espécie, não deixo aqui links de onde podem ver, mas acredito que facilmente encontrem.
Eu não consigo esperar que estreie em Portugal, muito menos agora que não tenho Fox Life. :)
Vá, toca a varrer a net de lés a lés :) vale a pena :))


(1) referência ao Modelo Kubler-Ross, referência explicativa do efeito da perda, dor ou morte nos seres humanos, através de um esquema de cinco fases.

Pazes


Após fazer as pazes, a segunda semana de férias surge sem nuvens...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Amarras


Nos segredos escondidos do mar,
nas tardes quentes,
nas noites de luar.
Nos mundos perdidos,
em tempos antigos.
Nas bandeiras desfraldadas,
em contos de fadas,
e nas conchas onde viajo,
onde me deito, me sinto,
me rasgo,
abro o peito, desfeito,
de mil guerras sem fim.
Nas areias,
nos mundos de teias,
nas saudades rasgadas na pele,
nas ilhas perdidas no meio do oceano,
nasce o meu choro,
escondido, humano,
um grito cego,
perdido no horizonte,
num cais amarrado, com o mar defronte.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um dia assim

Um dia não são dias, mas a verdade é que ultimamente as coisas não têm corrido como desejo.
Não entro em desânimos precoces pois aquilo que se obtém lutando tem mais sabor e, convenhamos, a procissão ainda vai no adro.
A minha expressão facial é o meu maior inimigo. Dificilmente consigo esconder o que me vai na alma ou, no mínimo, demonstro sempre que há um tempestade enorme dentro de mim. Uma tempestade de causas ocultas mas suficientemente perturbadoras para me deixarem os olhos mortiços, a cara inexpressiva e o sorriso ausente, que tento a pouco e pouco replantar.
A verdade é que eu penso demais.
Sinto uma inveja enorme de quem consegue pôr os problemas para trás das costas e acreditar piamente que tudo se resolve. Por mais que a vida me tenha mostrado que sim, que é mesmo assim, e que pensarmos insistentemente nos problemas e nas dificuldades não nos traz soluções mais rapidamente, a verdade é que não consigo deixar de o fazer.
Há, no entanto, o universo que nos rodeia e seu sentido de humor extremo, por vezes negro e sarcástico, mas que hoje, até mudou a minha tarde.
Não foi nada de extraordinário, nada de sublime, nada do outro mundo. Foi algo que, pela sua simplicidade me arrancou uma gargalhada, um sorriso imenso que aproveitei, prendi, atei aos lábios e não deixei mais partir.
Mostro-vos em foto esse singular motivo que, por ventura, acharão banal ou até idiótico mas, como já disse, foi o click de que necessitava.


(cliquem para ampliar)

Na onda do bom humor, expliquem-me então, o que são entrecostos espectaculares lllllllloooooooollllllllllll

Ps: E não é que a vida nos surpreende sempre com estas pequenas coisas? :)

Como prometido....

... criei um novo blog,

The pursuit of the dream


(cliquem para aceder)

e já coloquei lá o meu primeiro exercício :)

Aguardo opiniões.

PS: Atentem bem no enunciado.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

The pursuit of THE dream


Primeiro que tudo, quero agradecer os vossos comentários no post anterior. Escrever para alguém como vocês é um prazer e incentivo constantes.
Na linha do que já tinha referido, vou aproveitar as férias para me dedicar ao meu sonho, porque, sinceramente, estou farto de um trabalho estéril que nada tem a ver com o que realmente quero para mim. Portanto é arregaçar as mangas e meter-me a caminho que a maré não espera por ninguém.
Comecei o curso de escrita criativa em que espero desenvolver certos pormenores que ainda sinto falharem no que escrevo. Tenho exercícios semanais para fazer, que vou transformar em bi-diários pois o tempo não abunda e, não tarda, estou de volta ao martírio. É neste pequeno aspecto que gostava de contar com a vossa ajuda. Vou criar um outro blog, no qual vou colocar os enunciados dos exercícios e o texto que farei como resposta. Gostaria que os lessem e dessem a vossa sincera opinião e/ou crítica.

Espero ainda esta noite ter novidades para vocês. :)

Menino do Mar

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Le parfum



Descia a escada quando o teu perfume me abraçou. Esperavas-me no sofá de sorriso rasgado, usando apenas a camisa de dormir da Mafalda que te tinha oferecido no teu aniversário. Detive-me a observar-te de alto a baixo, enquanto tu me olhavas, mordendo suavemente o lábio. Deixei que o desejo me invadisse e me impelisse ainda mais para ti.
Levantaste-te e dirigiste-te a mim, vagarosamente, passando as mãos pelas coxas, pelo peito, num gesto pleno de sensualidade e desejo.
Quando cheguei perto de ti, agarrei-te pela cintura, puxei-te para mim, colando o teu peito ao meu, e beijei-te, tirando-te o fôlego, passando a língua suavemente pelos teus lábios e mordendo-te levemente ao afastar-me de ti.
Tu, de olhos semi-cerrados, retiras as alças, uma a uma, deixando cair o pouco tecido que te escondia do mundo, revelando-te toda, só para mim.
Agarrei-te pelo pescoço com um ímpeto apaixonado, e beijei-te vezes e vezes sem conta. Deitei-te naquele sofá branco e percorri o teu corpo, usando o perfume como roteiro dos meus dedos, da minha língua na tua pele.
Soltaste o cabelo e disseste-me ao ouvido, sou tua, só tua. E nisto, parei, olhei-te nos olhos, deite-te no chão e fizemos amor como se o mundo estivesse para acabar, como se não existisse mais realidade que aquela que sentíamos à flor da pele.
Quanto mais me sentia em ti, quanto mais me via no reflexo dos teus olhos, que ocasionalmente se abriam para se deliciarem com o meu movimento contínuo, mais me tornava um só contigo. E, quando, em simultâneo atingimos o orgasmo, o silêncio invadiu a sala que antes ecoava gemidos de prazer. De olhos nos olhos, nesse mesmo silêncio, dissemos, amo-te.
Rocei o meu nariz levemente no teu rosto, e deixei-me tombar a teu lado no tapete da sala.

- Queres beber alguma coisa?
- Quero, trazes?
- Trago.... Ginger Ale, pode ser?
- Adorava.

Levanto-me, a cheirar a ti, a cheirar a nós e, ao cruzar a porta da sala para o corredor, olho para trás, para te ver nua na minha sala, mais uma vez.



(este texto é pura ficção e está relacionado com o facto de me andar a dedicar ao processo de escrita criativa que pretendo aprofundar nas minhas férias, aguardo opiniões)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Aviso

Este blog acaba de ser comprado pelo senhor Ambrósio Tengarrinha de Várzeas de Cima e de hoje em diante publicará apenas posts sobre columbofilia, vulgo largadas de pombos.

Obrigado





Bincadeirinha :P

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

E do céu caiu um sorriso...

Ponho o braço de fora e sinto as pingas resvalarem na pele. Aproximo o nariz e deixo-me inebriar pelo cheiro das primeiras chuvas, pela mistura de salgado do suor com o metálico da trovoada que ao longe se anuncia. O fim do Verão é lavado pelas águas que choram do cinza das nuvens que escondem o azul.
Viajo na estrada, a caminho de casa, e entre trovões e relâmpagos, abro o vidro só para ouvir o som da água a soltar-se, quando os pneus dos carros cortam caminho por entre um alcatrão alagado.
Sentia já uma saudade imensa destes fins de dia.
Na escuridão que o crepúsculo anunciou, os raios tornam-se mais frequentes, e a trovoada que pensava ter deixado para trás, revela-se cada vez mais forte, cada vez mais poderosa., cada vez mais próxima. Sinto que me seguiu porque sabe que amo olhá-la. Sabe que nada me fascina tanto como este faiscar que amedronta quem passa na rua em passo apressado a tentar fugir-lhe.
A trovoada é uma mulher misteriosa, que vem não se sabe quando, não se sabe de onde e que não deixa ninguém indiferente. Parte sem deixar rasto e só volta quando quer.
Sim, a trovoada é uma mulher. Mexe com os cinco sentidos. Obriga-nos a olhá-la, a quere-la, a desejá-la, porque desejamos sempre o desconhecido.
Estaciono o carro e deixo-me ficar um pouco a ver no vidro as gotas de chuva que o vento arrancou. Umas ficam, outras escorrem traçando um caminho irregular. Podia ser a vida este traço no vidro do meu carro. Nunca se sabe para onde a gota vai deslizar. Abre caminho até desaparecer, até perder tudo de si. Sim, esta gota de água podia ser a minha vida e o seu trilho o meu mapa.
Vou até à porta de casa, não sem antes deixar que a chuva me bata no rosto, fazendo-me esboçar um sorriso. Que bom este prenúncio de Outono, que bom este adeus do Verão.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Praia de Faro


Vou falar-vos de um sítio mágico. De um sítio único. De um sítio que vale a pena visitar. Não faz parte da maioria dos roteiros turísticos nem é, tampouco, um destino de férias muito conhecido.
Vindo pela via rápida que desagua no aeroporto, começamos por ser presenteados pela rotunda mais original, mais bonita e mais curiosa da região. Um simples relvado com esculturas de pessoas em gesso, a olharem o céu, como se estivessem a ver passar os aviões.
Viramos depois à direita e entramos numa estrada tipicamente de praia, com pinheiros e bermas de terra alaranjada e um cheiro a mar que nos prepara para o que vem a seguir.
Depois de uma curva, outra curva e abre-se perante os olhos a Ria Formosa. O encaixe perfeito da terra com o mar, ou do mar com a terra, na sua dança de marés e trocas de águas, doce e salgada, numa analogia perfeita dos elementos a fazerem amor.
O mar entra na terra e cria uma represa onde vemos pequenas cabanas de pescadores nos bancos de areia, barcos ancorados, gaivotas em vôos rasantes e, mais de perto, cardumes de peixes em busca de alimento, ignorando completamente que serão eles o alimento de alguém.
Continuamos pela estrada que na maré cheia é ladeada de água e em que mais parece que estamos a navegar em vez de conduzir.
Atravessamos a ponte e começamos a sentir a magia mais forte. Aquela magia de que os pinheiros, os bancos de areia, o mar doce salgado e as gaivotas nos tinham avisado.
Pomos os pés no chão, fechamos os olhos, inspiramos bem fundo... abrimos os braços, elevamo-los ao céu. Esticamos os dedos e deixamos fluir em nós a energia dos 4 elementos, dos 5 se estivermos atentos.
Esta língua de areia tem algo de mágico. Não se explica, não se conta, não se vê, sente-se!

Nos dias de vento como o de hoje, soube-me bem ir lá, embora tenha sido em trabalho, e sentir um pouco do fim do Verão, quando vinha de volta e parei a olhar o azul.
Fechei os olhos, indiferente a quem me olhava. Inspirei o mais que pude aquele ar e segui caminho.
Agora que o elemento humano começa a dispersar, convencido que este sítio é apenas mais um para ficar bronzeado, aconselho um passeio a este meu sítio mágico, convicto que também sentirão a magia que me recarrega sempre que lá vou.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Setembro


Adoro o cheiro das manhãs de Setembro no seu misto de fresco, prenúncio da chuva que se aproxima e cheiro de erva seca, herança de um Verão que está de partida.
O Outono espreita e mexe com a mente e a alma das gentes. Os dias tornam-se mais curtos e os semblantes mais carregados.
O sol já não nos espera ao fim de um dia de trabalho, nem nos convida já a um passeio pela praia para recuperar energias.
Daqui para frente, vamos estar mais em casa. Mais em família, mais introspectivos e com menos vontade de socializar. É a natureza no seu poder infinito a fazer-nos focar, depois de um longo e desgastante Estio, quer tenha sido passado a trabalhar ou de férias. O corpo precisa de se virar para si próprio. A alma precisa de alimento, de cuidado, de carinho. É época de nos mimarmos.
Em breve começarão a cair as folhas das árvores e as tonalidades que acompanham o nosso dia passarão a cinza, castanho, vermelho escuro. Os cheiros serão mais húmidos, mais fortes. O seco dos campos, dará lugar as primeiras culturas e encontraremos facilmente campos de trigo ou cevada, a pincelarem o castanho da terra com um verde vivo, verde vida.
Os rios e riachos vão encher-se de renovação após as primeiras chuvas. O ar estará mais limpo. O pó dará lugar à lama.
Por tudo o que os meus olhos vêem e a minha alma sente, eu amo o mês de Setembro.

domingo, 6 de setembro de 2009

O meu castelo

Tenho uma fonte na sala. Desligo-a de noite e, de manhã, ainda estremunhado, ligo-a só para ouvir a água correr.
Estou a fazer da minha casa um refúgio zen.
Descalço-me quando chego. Acendo um incenso. Abro as persianas para entrar a luz do fim do dia. A mais bela...
As cores são claras na sala. Vivas e alegres na cozinha. Sóbrias na casa de banho. O quarto é simples. Desenho a carvão, candeeiro de papel, cortinado bordeaux.
A decoração? Arte floral japonesa com apontamentos tradicionais portugueses, aqui e ali.
O meu castelo esteve em remodelação este fim de semana. Até ao próximo fica pronto.
Tenho finalmente o meu refúgio.

PS: Prometo umas fotos em próximos posts.

sábado, 5 de setembro de 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Por quem não esqueci - TIM

Esta sempre foi uma das minhas músicas preferidas da música portuguesa, e esta versão do TIM, está demais....



Há uma voz de sempre
Que chama por mim
Para que eu lembre
Que a noite tem fim

Ainda procuro,
Por quem ñ esqueci
Em nome de um sonho,
Em nome de ti


Procuro à noite, um sinal de ti
Espero à noite, por quem não esqueci
Eu peço à noite, um sinal de ti
Por quem eu não esqueci

Por sinais perdidos
Espero em vão
Por tempos antigos, por uma canção
Ainda procuro, por quem não esqueci
Por quem já não volta, por quem eu perdi

Eternal Sunshine


Quando estou triste, a minha atitude é sempre a mesma, ver um filme. E a verdade é que hoje, ao final do dia, houve uma situação que me deixou muito em baixo e me fez questionar várias coisas. Precisei de acalmar, reflectir, pensar e resolver-me dentro de mim, e, como já disse, a forma que tenho de encontrar esse espaço, é na sétima arte. Improvisei o cinema em casa e deitei-me (literalmente) a ver The Eternal Sunshine of the Spotless Mind.
Há muito tempo que o tinha sacado da net e estava em prateleira de honra, à espera de ser rei e senhor da minha atenção durante cerca de duas horas.
Em boa hora tomei esta atitude. É um dos mais espectaculares filmes que já vi até hoje. De ir às lágrimas no final... e tudo, por causa de um simples OK, magistralmente colocado no derradeiro diálogo...

Que fascínio de filme, aconselho vivamente...




Peço imensa desculpa pela minha ausência dos vossos cantinhos,
mas só volto a ter net "normal" dia 9 . Até lá vou-me governando
com a portátil, que é muito fraquinho e faz doer a carteira.
Prometo colocar nessa altura, todos os miminhos em forma de selo
que me têm oferecido por essa blogosfera fora.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Gripe A


Finalmente, sim, FINALMENTE, alguém com estatuto vem afirmar aquilo que eu estou farto de dizer e que é a minha opinião desde o início, ora vejam:

«A gripe A H1N1 deixou Espanha imersa numa "epidemia de medo" provocada por uma "doença fantasma" que se está a combater com "respostas exageradas", afirmou hoje a Organização Médica Colegial (OMC) espanhola.

Em comunicado, o presidente da OMC -- do Conselho Geral de Colégios Oficias de Médicos de Espanha -- Juan José Rodríguez Sendín admite que, por isso, "existam interesses económicos e até políticos" por trás do combate à pandemia.

Reiterando a "mensagem de tranquilidade", recordou que "Espanha conta com especialistas" capazes de lidar com a doença, pelo que os cidadãos não se devem preocupar.

"Entre 10 e 20 por cento dos espanhóis são hipocondríacos", disse, considerando que em Espanha "a fantasia e o romance são muito comuns".

"Com os dados que temos", disse, pode-se constatar que a gripe A H1N1 tem taxas de mortalidade e de complicações "bastante mais leves" que as apresentadas pela gripe sazonal, todos os anos.»


Chegámos ao ponto de ter espalhados pelos locais públicos pequenos dispensadores de líquido desinfectante. Ver as pessoas a usá-los e apavoradas por uma falsa epidemia, criada pelos meios de comunicação social, faz-me ter muito medo do poder que estamos a dar (ou já demos?) a algo que todos os dias entras nas nossas casas, nos nossos olhos, nas nossas mentes.
A quem interessa este clima de histeria colectiva?
Usem o kilo e meio de massa cinzenta que Deus nos deu.... eu tento usar, o mais possível.

domingo, 30 de agosto de 2009

Paisagem


A paisagem que mais me fascina é o teu corpo nú na nossa cama.

Ghibli (continuação)

Quando a aurora ameaçava romper, dirigia-se até ao farol e ficava a contemplar o mar. O que ficaria do outro lado?
O vermelho e o laranja venciam a pouco e pouco a escuridão de mais uma noite de sombras no coração de Ghibli.
A culpa, essa, deitava-a no mar e esperava que não voltasse, que as ondas a levassem para o profundo azul e que lá a deixassem para não mais voltar.
Amar mulheres desconhecidas a meio da noite, entrando impunemente nos seus quartos, quando a vigília está ausente e a realidade se confunde com o sonho, não era algo de que a sua alma se orgulhasse. Mas ele tinha que a encontrar, tinha que a ter mais uma vez!
No entanto, ao romper desta aurora, sentia-se diferente.
A descrença e a dúvida tinham-se instalado no seu coração de forma dominadora, não dando já espaço sequer ao querer.
Por momentos acreditou que ela se aproximava dele, nas suas costas viradas ao nascer do sol e arrepiou-se, estremeceu e virou-se, na ânsia da sua busca ter finalmente terminado. Mas o que encontrou foi o mesmo de todas as noites desde que ela partira, um vazio imenso.
Retirou-se cabisbaixo, furioso e irado renegou ao seu pai, espírito de vento, amaldiçoou sua mãe, a fada que morrera para que ele pudesse viver e mergulhou, já na cidade, no submundo de artérias que tantas vezes ignoramos sob os nossos pés alheados do dia a dia.
Enclausurou-se no seu casulo e, com o cheiro nauseabundo que o rodeava e a rosa seca que ela lhe devolvera quando partira, nas mãos, adormeceu quando os primeiros carros começavam a amanhecer nas ruas da cidade que de noite eram suas.

(continua)