segunda-feira, 25 de abril de 2011

Despido

Quem segue só para o espaço,
ou só para o tempo?
Quem segue sem nada
apenas cansaço,
pela estrada que o leva a nenhum lado?

Quem vive e voa sem rumo,
ou atravessa a nado
o rio profundo,
deste para esse lado?

Quem esperas que seja,
se mais não sou que a estrela
que se esconde ao raiar do dia,
não por medo ou tristeza,
mas por ousadia?

Quem chega sem partir,
quando a viagem é longa,
e sem mapa nem mundo,
ou ponto de partida?

Dispo-me de mim,
e desembainho a espada imaginária.
Desafio o mundo num duelo,
e qual herói lendário,
sou rei do meu castelo
sem paredes, nem redes onde me deitar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sou breve


Sou breve como um segredo
dito a medo.
Como um canto de cotovia,
a anunciar o dia.
Como num sorriso escondido
sou breve como a neve.
Esqueço o céu, e foco-me na terra,
sou raio de sol, sou primavera,
sou o degelo de um dia que amanheceu verde.

Faço-me em cada passo que dou,
em cada estrada que percorro
e em cada encruzilhada em que me sento
e espero que o vento me leve a viajar.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Verdade


Faltava pouco mais
que meia hora de eternidade,
a ecoar na minha impaciência.

A Janela bateu com estrondo e estremeceu a alma.

No momento em que a saudade respirou mais forte,
levantando um vento incontrolável,
soprou ventos pela tempestade dos teus olhos,
e aos molhos,
caiu a verdade.

Despida ao luar,
renasceu a alma pura,
como um restolho que olha a vida
que é eterna enquanto dura...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

No negro dos teus olhos


No negro dos teus olhos,
e no espaço que vai dos meus lábios aos teus,
beijo-te sem nunca te ter beijado.
E o meu desejo é o orvalho da madrugada,
que te espera como ao sol do Verão.
No suave ondular do teu cabelo,
perco-me como numa floresta mágica,
e quanto mais corro mais me encontro
e quanto mais quero menos te tenho
e quanto mais te abraço menos te vejo.

Os teus lábios são uma clareira de luz,
onde me deito a sonhar,
e sinto o fresco da relva
enquanto espero que um estrela cadente cruze o meu céu.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quando me tocas


Quando me tocas
e me olhas,
e me incendeias a pele que se arrepia.
Quando me falas
e te sinto na ponta dos dedos que te anseiam tocar,
ao longo dos braços que te desejam abraçar.
Quando os teus olhos são dois cometas
derramados num céu estrelado,
e o teu cheiro me emudece como um destino traçado,
fecho-me num sorriso
para não te dizer que a Primavera só tem flores quando estás,
para não te contar
que os dias na distância são horas e meses e anos
e breves segundos a teu lado.
Contigo tudo é sentido
e até o mais breve instante se espelha no infinito.