domingo, 30 de setembro de 2012

Nua


Queria ver-te nua, 
e ter-te inteira como a Lua.
Aconchegar o teu peito na minha pele
e partir...
Queria ouvir o bater do teu coração
junto ao meu
E que ele batesse mais forte por ser eu
o clarear do teu dia.
Queria-te nua,
sob as minhas mãos,
e rebentar a tempestade a cada beijo demorado,
ser relâmpago e trovão
e perder a consciência do mundo ao teu lado.
Queria os teus olhos cerrados,
esborratados de castanho sombreado.
Queria que a noite fugisse para longe,
e derramar-me contigo ao longo de um dia
eterno
na serenidade tempestuosa de uma sinfonia
cantada
gemida
a dois.
Queria... o bater das ondas,
o reflexo do luar
no mar
na vida.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

No meu peito nasce um rio




A lua hoje está meia
e do céu maquilhado de nuvens
a chuva cai.
Quando o teu olhar descansa no meu,
todo o mundo dança.
Os meus braços que imaginariamente se estendem para ti,
têm a efemeridade de uma estrela a rasgar o céu,
vinda de não sei de onde,
destinada a algo irreal.
Dentro do meu peito nasce um rio,
nas margens floresces tu indiferente ao seu correr,
placidamente a contemplar,
como se tudo fosse eterno,
e não houvesse verão que o pudesse secar.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Intervalos



Em perfeita simetria,
entre bandos de pássaros
e alegria.
Entre nuvens carregadas de chuva,
e tempestades de areia
Entre monocromáticas calçadas
e as lutas entre espadas
e paredes.
Entre as sedes, e as meias verdades,
de véu a cobrir o rosto.
Entre os intervalos de tempo
e o momento em que te toco.
Entre o azar e o sorriso,
deslizo
de dia e de noite,
ao sabor do vento da tempestade
colhido num figueiral de memórias
em que cada estória era fruto maduro acabado de colher.
E se eu pudesse escolher,
Seria maduro ou apenas mais seguro?