sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Florbela


Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca

8 comentários:

Anônimo disse...

Muito Bonito, tal como todos os outros a que Florbela Espanca nos habituou.

Odalisca disse...

Gosto muito da Florbela... tem poemas lindos! ;)
beijo

a Gaja disse...

Simplesmente adoro Florbela Espanca

MagicWoman disse...

miminho no meu blog :)

beijinho

Ana disse...

Já não gosto da Florbela. :(

Luz disse...

Florbela Espanca, eterna, intemporal, lindo como sempre tudo o que escreveu e, sentiu com alma.
Desde muito cedo que me acompanha.
Uma vez mais uma excelente escolha.

Abraço com muita Luz

Unknown disse...

A inconstância que fica bem nos poemas e mal na vida.

Diga-o ela que tanto sofreu. E digam as pessoas que sofrem às mãos dos "inconstantes" que por aí andam à caça de novas "constâncias", nunca satisfeitos ou saciados. Porque se alimentam da emoção da caça e o resto, para esses "inconstantes", não tem piada. Não é?

Cereja disse...

Belo poema da minha conterrânea!