domingo, 30 de agosto de 2009

Paisagem


A paisagem que mais me fascina é o teu corpo nú na nossa cama.

Ghibli (continuação)

Quando a aurora ameaçava romper, dirigia-se até ao farol e ficava a contemplar o mar. O que ficaria do outro lado?
O vermelho e o laranja venciam a pouco e pouco a escuridão de mais uma noite de sombras no coração de Ghibli.
A culpa, essa, deitava-a no mar e esperava que não voltasse, que as ondas a levassem para o profundo azul e que lá a deixassem para não mais voltar.
Amar mulheres desconhecidas a meio da noite, entrando impunemente nos seus quartos, quando a vigília está ausente e a realidade se confunde com o sonho, não era algo de que a sua alma se orgulhasse. Mas ele tinha que a encontrar, tinha que a ter mais uma vez!
No entanto, ao romper desta aurora, sentia-se diferente.
A descrença e a dúvida tinham-se instalado no seu coração de forma dominadora, não dando já espaço sequer ao querer.
Por momentos acreditou que ela se aproximava dele, nas suas costas viradas ao nascer do sol e arrepiou-se, estremeceu e virou-se, na ânsia da sua busca ter finalmente terminado. Mas o que encontrou foi o mesmo de todas as noites desde que ela partira, um vazio imenso.
Retirou-se cabisbaixo, furioso e irado renegou ao seu pai, espírito de vento, amaldiçoou sua mãe, a fada que morrera para que ele pudesse viver e mergulhou, já na cidade, no submundo de artérias que tantas vezes ignoramos sob os nossos pés alheados do dia a dia.
Enclausurou-se no seu casulo e, com o cheiro nauseabundo que o rodeava e a rosa seca que ela lhe devolvera quando partira, nas mãos, adormeceu quando os primeiros carros começavam a amanhecer nas ruas da cidade que de noite eram suas.

(continua)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Flôr


Nas curvas do teu corpo
me despi em silêncio
e vagueei nu.
Tatuei-me na terra,
esculpi-me no vento,
e descobri-me na Lua
que descia na noite.

Nos dedos que se deitaram à sorte
e te percorreram nua,
escrevendo cartas de amor.
No sal de um mar que era só meu,
e na areia que o esperava sem saber.
Na estrada onde o louco passava,
e a poeira teimava em não assentar,
fiz da minha casa um ninho,
com um jardim defronte
onde rego uma só flôr.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Caro Einstein...

... quando disseste “Só existem duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana. E não estou muito seguro da primeira”, não estarias certamente a referir-te à derrocada na praia Maria Luísa em Albufeira na passada sexta-feira, nem tão pouco ao que sucedeu depois. Duvido igualmente que tenhas sido um Bandarra do século XX, pois ao proferires essa tão verdadeira frase, nada te faria prever que seria após uma tragédia no nosso pequeno Portugal que ela teria o seu expoente máximo de significado.
Não me refiro, embora devesse, às pessoas que ignoram tudo o que é sinal de aviso por este país fora, com o pensamento tipicamente tuga do "só acontece aos outros," refiro-me sim à romaria que dezenas, para não dizer centenas de pessoas fizeram ao local, tanto pela parte de cima da arriba como pela praia. Hello! Arriba frágil!!!! Vôo para a areia ou pedras no toutiço!!! Hello!!!
Este sintoma já poderia só por si ser merecedor de ostentar a exemplificação prática do teu dito, mas não, não é aí que quero chegar. Então não é que hoje, um colega meu, cujo sogro trabalha na Câmara Municipal de Albufeira e que fez parte da equipa de remoção dos escombros, me contou que ao carregarem as pedras num pequeno atrelado ou carrinha de caixa aberta, não sei precisar, as pessoas os seguiam e retiravam bocados e levavam como recordação? Só me apetece dizer, tirem-me deste filme!!!

God, oh god, até onde vai a estupidez humana...


PS: Que me perdoem os colectores de souvenirs mórbidos, mas é que há tanto psicólogo desempregado que faria maravilhas convosco...

domingo, 23 de agosto de 2009

Natal


No meu post anterior, em que descrevo algumas das coisas que gosto e vos incuto a fazerem o mesmo, apercebi-me que algumas pessoas não gostam do Natal. Não é novidade. Normalmente quando a quadra se aproxima é frequente ouvir desejos para que passe o mais depressa possível, desabafos que nada lhes diz, indiferença por tudo o que nos envolve nessa época.
E então, em jeito de preparação para daqui a uns meses, eu pergunto,
mas porque não gostam do Natal?
E vamos esquecer a parte consumista da questão. São as recordações, os ausentes, o engordar com os doces?

Quero ouvir-vos (ler-vos)!

sábado, 22 de agosto de 2009

Coisas de que gosto


- Andar descalço, se pudesse até o fazia no Inverno.
- O mar, vê-lo, cheirá-lo, senti-lo.
- Andorinhas, como prenúncio de Primavera.
- Comboios, do cheiro das estações, das partidas, das chegadas.
- Água tónica e Ginger ale, amargo e com bolhinhas, hummm....
- Chocolate negro, quase cacau puro.
- Café logo de manhã, assim que saio de casa.
- Ver um bebé sorrir-me sem dentinhos
- Do silêncio quando dois olhares se cruzam e ficam.
- A Lua a nascer em Janeiro.
- Minis sagres, que me desculpe a super bock, mas sou fiel.
- Um sorriso depois de...
- Natal, sempre.
- Igrejas sem ninguém, só eu e Ele.
- Filmes de terror, adoro assustar-me.
- Surpreender as pessoas pela positiva.
- Ser calmo como normalmente consigo ser perante o inesperado.
- Saber voar e fazer voar.
- Sushi.
- Que me façam sentir à vontade para me mostrar realmente.

E fica a faltar tanta coisa. E vocês, do que gostam?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Vento


O vento abraçou-a e sussurrou-lhe ao ouvido.
A aurora abria caminho a leste e estava quase na hora da despedida. O silêncio, fiel amigo das madrugadas em claro dos dois amantes, parecia mais impaciente que o costume.
O desassossego domina os olhares.

- Abraça-me, agarra-me, faz-me teu. Pede o vento num misto de súplica e ordem.
- Mas és vento, volátil, inquieto. Precisas de liberdade. Por mais que te queira agarrar, nunca o poderia fazer. Vento... eu nem te vejo, nem te toco, só te sinto.
- Mas eu também só te sinto, quando te envolvo e te resvalo na pele quente de prazer. Toda a nossa relação é sentimento, e só assim se pode realmente agarrar alguém, amando e sendo amado.
- Abraça-me mais uma vez vento quente que não tenho, mas que sinto em todo o meu corpo...

O vento rodopia sobre a prata, envolve-a no seu ímpeto, acaricia-lhe o rosto com uma brisa, e seca as lágrimas que lhe rolam pela face.
O silêncio acorda-os desta dança. A aurora chegou e com ela o sol espreita no horizonte.

- Adeus meu brilho.
- Adeus meu amante fiel.

Põe-se a noite, nasce o dia, o vento cala-se e num céu já sem estrelas, o orvalho cai, gota a gota do verde das árvores, como se a natureza chorasse o fim de um amor.

Pequena nota de rodapé

Vocês são, sem dúvida alguma, as melhores seguidoras e leitoras do mundo.

Não se fartam mesmo dos meus devaneios, pois não? :)

São tão queridas vocês!!!

Obrigado pela força. De facto, o mundo anda a pôr-me à prova, mas não me deita abaixo, pode ruir à vontade que eu fico de pé!
Como bom alentejano que sou o meu lema é "Os sobreiros morrem de pé!", também podia ser "moço dum cabrão é rijo que nem cornos!" Por isso... não me derrubam facilmente, isso não.

Beijos a todas e para a minha flôr, não tenho palavras, e ela sabe bem o que isso significa, não é flôr mai linda?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Despojos do dia e uma história verídica

Primeiro que tudo, obrigado pelo carinho que me deixaram aqui na casa em forma de comentário. É bom chegar ao fim do dia e ler as vossas palavras, muito bom mesmo....
O dia não correu nem bem nem mal, o trabalho é por demais nesta altura do ano.
Pois é minhas queridas, o Algarve pode povoar as vossas mentes veraneantes de descanso, divertimento, praia e muito lazer, mas, para mim, Algarve conjugado com Verão é igual a trabalho a triplicar.
Quanto ao mal estar, ainda aqui está, cravado em mim, mas mais adormecido, amanhã talvez...

Para desanuviar, vou contar-vos uma pequena situação caricata.
Este fim de semana, estavam o Menino do Mar e a Sakura já deitados, chega a casa Eternamente Inalcansável (com quem menino do mar partilha apartamento até ao fim do mês). Passado uns minutinhos, tiri tiri, mensagem no telemóvel:

Sms de Eternamente: A gata tá no quarto com vocês?
Sms de Menino: Não, deve tar na cadeira da cozinha...

(silêncio)

Grito Eternamente Inalcansável: Menino do Maaaaaarrrr

Salto num pulo da cama, perante o olhar estupefacto da Sakura que prontamente me seguiu.

(Vou fazer um pequeno preâmbulo para explicar um pouco da arquitectura do apartamento, o estendal da roupa, na janela da cozinha, embora seja exterior tem como que um pequeno chão que forma uma espécie de caixa, sendo a parede da cozinha um dos lados e o outro umas placas em metal meio abertas, que deixam entrar o ar.)

Pois bem, Mel, gata de Eternamente Inalcansável, achou por bem saltar para esse pequeno espaço, em que ficava a apenas um palmo de um precipício de 7 andares.

Menino do mar pendura-se, estica-se, pendura-se mais, estica-se mais ainda, enquanto as duas meninas o agarravam nas pernas, mas Mel achou por bem afastar-se, a pensar do tipo, mas o que é que este gajo tá a fazer?

Sakura resolve tomar iniciativa e pede para a deixar tentar. Menino do mar sai, a custo, arranhado plas cordas e com os caixilhos da janela marcados no abdómen, e dá a vez à Sakura que, agarrada nas pernas pelos dois outros valorosos bloggers, consegue pegar no pequeno felídeo de 4 meses de idade e jogá-lo para dentro de casa. Depois... depois foi só puxar a valorosa flôr de cerejeira e o salvamento estava concretizado.

Por isso, queridas leitoras, se um dia virem três bloggers pendurados numa janela de um sétimo andar, por volta da uma da manhã, não estranhem, é uma blogosesfera portuguesa, concerteza!

Amanhecer


Odeio amanhecer assim.
Tive pesadelos toda a noite. Vagos, irritantemente vagos, mas que me deixam completamente fora de mim. Sinto uma angústia enorme. Por um sonho, um sonho que durou toda a noite e, agora que acordei, esconde-se na minha memória vaga e deixa-me num permanente desassossego.
Um café talvez ajude, normalmente ajuda sempre....
Estava em Lisboa, e havia alguém, uma rapariga, vestida de branco que me dava a mão... mas isso... foi no fim, antes era perturbador, e não me lembro... um incêndio, sim, acho que houve um incêndio...
Não consigo recordar, talvez não deva... não quero que eles voltem....

Um bom dia para vocês.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Recadinho

"...Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?..."

domingo, 16 de agosto de 2009

...


Perco-me em mil e uma palavras que quero dizer e nada me sai. O teclado é um deserto desconhecido onde não consigo caminhar.
Palavras, para onde foram? Não consigo escrever....

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Under Pressure



E que saudades tenho de Queen...

Escritor


Escritor das horas mortas,
de livros despidos,
de mapas sem rotas.
Escritor da vida em segredo,
das curvas da estrada,
do tudo e do nada,
da morte sem medo.
Escritor que esperas ser,
e voar na caneta,
nadar no papel.
Escritor sem eira nem beira,
da espuma do mar,
do quente da areia.
Escritor sem favo, sem mel,
teus olhos tristes
são tudo o que existes.
Escritor olha as estrelas,
tão altas, tão belas,
tão cheias de si.
Escritor, tudo o que precisas
é olhar para a frente,
como quem vive, quem sente,
e nessa tela vazia,
serás traço de cometa,
a esculpir no céu tua alma de poeta.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Beijo - Pedro Abrunhosa

Não posso deixar que te leve
o castigo da ausência,
vou ficar a esperar
e vais ver-me lutar
para que esse mar não nos vença.
não posso pensar que esta noite
adormeço sozinho,
vou ficar a escrever,
e talvez vá vencer
o teu longo caminho.
Quero que saibas
que sem ti não há lua,
nem as árvores crescem,
ou as mãos amanhecem
entre as sombras da rua.
Leva os meus braços,
esconde-te em mim,
que a dor do silêncio
contigo eu venço
num beijo assim.
Não posso deixar de sentir-te
na memória das mãos,
vou ficar a despir-te,
e talvez ouça rir-te
nas paredes, no chão.
não posso mentir que as lágrimas
são saudades do beijo,
vou ficar mais despido
que um corpo vencido,
perdido em desejo.
Quero que saibas
que sem ti não há lua,
nem as árvores crescem,
ou as mãos amanhecem
entre as sombras da rua.

Pedro Abrunhosa

domingo, 9 de agosto de 2009

Ghibli

Movia-se nas sombras que a noite formava nas paredes da cidade adormecida.
De dia, escondia-se nos túneis que outrora serviam de refúgio à população aquando de invasões e outros perigos. Por vezes, descobria uma obra de metro inacabada e tomava-a também como sua casa, sua fortaleza, até que a Lua surgisse de novo no céu e voltasse à sua busca, à sua interminável busca pela alma que perdera.
As lendas que contavam, diziam que era filho de um vento quente, do norte de África, o siroco, e de uma fada das tempestades que vivia na montanha que tentava impedi-lo de entrar continente dentro. Nascera numa noite sem lua, num cruzamento de quatro estradas, num ano capicua. Uma velha que passava, ao ver a fada moribunda, abandonada pelo vento, ostracizada pelos elfos, balbuciando Ghibli, tomara-o nos braços e criara-o longe do mundo, num bosque encantado.
Crescera entre criaturas da floresta e brincara com lobos e corujas. Era, à primeira vista um homem normal. O seu exterior ocultava as forças que nem sabia ainda ter, pois Ghibli era um filho dos elementos, um ser meio homem, meio espírito.
A velha que o criara, morrera numa manhã serena de Primavera. Não vertera uma lágrima por ela porque os espíritos nunca morrem e ela era, a partir desse momento, parte dele, do seu espírito, do seu ser.
Sem nada que o prendesse, partiu. Havia alguns anos atrás, tomado pela curiosidade, tinha seguido os barulhos que o despertaram. Uns roncos metálicos, primeiro mais longe, depois mais perto, numa cadência de aproximação que não o assustara. Ghibli tinha a coragem de seu pai, a doçura de sua mãe. A curiosidade, essa era de gato e, quando nessa tarde de Primavera partiu, já sabia o que o esperava. O bosque encantado não podia ser para sempre a sua fortaleza. Tinha que ver mais, saber mais, sentir mais.
Dizem por aí que quando deixou o bosque se achava preparado para tudo, capaz de tudo, só não o estava para o amor.
Ao terceiro dia de vaguear encontrou uma mulher que falava ao telefone, numa cabine pública. Observou a forma como desligou o telefone, se sentou no passeio e começou a chorar compulsivamente. Ghibli aproximou-se dela e perguntou, com a desfaçatez própria de quem não está habituado a lidar com outras pessoas no dia a dia, porque chorava. Ela, levantou os seus olhos castanhos marejados de lágrimas e de imediato se perdeu no olhar de floresta de Ghibli, no sorriso de vento, no toque de magia quando lhe tocou a mão. Sorriu-lhe e aí, aí foi ela que o enfeitiçou.

(continua)

Parece que o meu blog é uma Frescura


A Lia, uma querida que na blogosfera mora em www.arcoirisdesentimentos.blogspot.com
considera o meu blog uma frescura, pois digo-lhe menina Lia, muito obrigado :)

As regras são:

1º mencionar quem ofereceu:

foi a LIA (a tal do arco íris de sentimentos)

2º Oferecer a oito pessoas:

- GingerBread Girl (porque os prémios para esta melhériii nunca são demais)
- Just Me ( pelo seu excelente gosto em poesia)
- Only Words (porque é muito mais que "apenas palavras")
- Hyndra (porque assim fica com um para troca)
- Elena (Para lhe dar as boas vindas à blogosfera e desejar bons botellones)
- Pipoca (porque é mais uma das muitas queridas da bologosfera)
- Patrícia (Pelo seu perfeito coração)
- Sakura (porque sim, ora...!!!!!)

3º Avisar a cambada que os premiei:

On my way!!!

sábado, 8 de agosto de 2009

Dia de praia


De mochila às costas partimos, eu e a filha pelo areal. Levamos protector, toalhas, uma bola e os corações cheios de amor... até logo :)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Soneto Incompleto, como eu....



Canto este amor de eco desafinado
de respostas vagas, silêncios, solidão.
Pauta vazia de melodia, sem canção
meu ser é meu corpo crucificado.

Trabalho

Tenho um trabalho de que não gosto.
Todos os dias de manhã é um martírio para sair da cama. Todos os dias sinto que não sou eu nesta profissão. Não que a desempenhe mal, ou pudesse fazer melhor, mas não gosto, sinceramente não gosto.
O que faço eu num sítio em que nem a forte possibilidade de ser promovido me deixa minimamente feliz?
Não era isto que esperava para mim, não era mesmo, e cada dia o sinto mais!

Palpita-me que hoje não vai ser um dia bom, não vai mesmo!


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Recordação

Lembro, não como se fosse hoje, mas como algo recente, a noite que passaste a ver e rever, vezes sem conta, o clip do My heart will go on, da Celine Dion, numa cassette de VHS onde eu gravava todos os clips que passavam na MTV e me interessavam.
As lágrimas escorriam-te pelo rosto, balbuciavas algo que eu, morto de sono e embalado pelo ponche da garrafa prateada, achava imperceptível, mas sabia por que sofrias, sabia que o teu coração tinha sido quebrado mais uma vez pelo teu namorado de sempre.
A noite tinha começado animada e, do grupo restavas apenas tu, eu, e a minha namorada de então, que não era bem namorada, que havia sucumbido há muito ao sono.
Não minto se disser que ouviste, ouvimos, essa música mais de 50 vezes nessa madrugada. Eram cerca de oito da manhã quando abalaste.
Sempre que nos encontrávamos, mais tarde, fosse onde fosse, recordávamos sempre, a rir, essa noite.
Passaram anos sem te ver, não muitos, e foi bom rever-te nas caixas do supermercado, tu já com um novo namorado, eu, já com uma filha.
Não sabia que essa seria a última vez que íamos estar juntos.
Não me lembro do mês, não me lembro do dia, não me lembro da hora. Sei apenas o local onde estava quando o telefone tocou e uma voz trémula, de um amigo comum, me disse que já não estavas entre nós. Tinhas encostado a arma ao peito e premido o gatilho.
Não fui ao teu funeral, nem fui ver nunca a tua campa.
Sei que cada vez que oiço a música, que vejo o vídeo, me lembro de ti.

Esta é a história verídica de alguém que deixou muitas saudades.

Saudades...

... de te ver,
de te ter, nua...
De te olhar,
sem véus,
de me perder na tua verdade
crua...
Sem ti, senti a rua vazia
e as mãos despidas da pele tua.
Em mim,
visto-te a ti,
o teu corpo azul céu,
pedaço de mar,
reflexo meu, de te olhar.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Two Lovers (2008)


Two Lovers fala das falhas humanas, do amor desmedido por quem não nos ama, da espera que nos venha a amar. Fala-nos de perder o amor próprio, de prescindirmos de nós e entregarmo-nos ao sofrimento desmedido.
Two lovers é uma história de amor sem final feliz, com um final adequado à vida que temos nos nossos dias, à realidade.
O amor, a paixão, que quando não é correspondida, é inútil esperar que alguma vez chegue, pois em seu lugar virá sempre a frustração.
Perder quem amamos leva-nos, a maior parte das vezes, a aceitar sermos apenas amados.
É disso que fala o filme, um retrato tão fiel, que toca qualquer um. Um relato tão intenso que não deixa de nos colar o ecrã. Eu gostei muito e aconselho vivamente a quem ainda não viu.

Ficha Técnica
Título Original: Two Lovers
Género: Drama (M/12)
Realização: James Gray
Interpretação: Joaquin Phoenix, Moni Moshonov, Isabella Rossellini, Vinessa Shaw, Gwyneth Paltrow
Ano: 2008
Duração: 1h50m

domingo, 2 de agosto de 2009

Why do people lie about themselves?

CLAUDIA
Did you ever go out with someone and just....lie....question after question, maybe you're trying to make yourself look cool or better than you are or whatever, or smarter or cooler and you just... not really lie, but maybe you just don't say everything...

JIM KURRING
Well, that's a natural thing, two people go out on a date, something. They want to impress people, the other person...or they're scared maybe what they say will make the other person not like them..

CLAUDIA
So you've done it...

JIM KURRING
Well I don't go out very much.

CLAUDIA
Why not?

JIM KURRING
I've never found someone really that I think I would like to go out with.

CLAUDIA
And I bet you say that to all the girls...

JIM KURRING
No, no.

CLAUDIA
You wanna make a deal with me?

JIM KURRING
ok.

CLAUDIA
What I just said...y'know, people afraid to say things....no guts to say the things that they...that are real or something...

JIM KURRING
...yeah...

CLAUDIA
To not do that. To not do that that we've maybe done... before.

JIM KURRING
Let's make a deal.

CLAUDIA
Ok. I'll tell you everything and you tell me everything and maybe we can get through all the piss and shit and lies that kill other people....

Magnolia, 1999