segunda-feira, 20 de junho de 2011

Os meus pés


Os meus pés,
gritam num submerso silêncio,
e são vida sem história,
estrofe sem verso,
são o texto desalinhado na areia da praia.
São as paredes, são muralhas,
onde a chuva bate e escorre, sem deixar nada.

Os meus pés não sabem por onde vão,
nem para onde me levam.
Não nadam nem correm,
não ficam nem partem,
são o inconstante nascer da aurora,
perdidos no tempo,
sem horas.

Quem me dera ter do vento a liberdade,
e correr o mundo na ponta dos dedos,
quem me dera ser um pouco mais verdade
e aprender a verter, a pouco e pouco, os meus medos.