sexta-feira, 29 de maio de 2009

Esperas e demoras


Na entrada da casa há um espelho que me lembra todos os dias como estou só. Sempre que passo por ele reflecte-me e, ao olhar-me nele, a melancolia é mais que eu, é todas as paredes que me envolvem.
O ar é pesado quando o semblante se carrega com as tristezas do passado, as certezas do presente e as dúvidas do futuro. Torna-se irrespirável, denso, quase que se mastiga. Atrapalha os movimentos como um denso bosque com musgos trepadeiras e matos desordenados à passagem.
Sinto-me mal nesta viagem. Sinto-me mal neste vida. Sinto-me só neste espelho.
Saio para a rua e, depois de atravessar o areal, entro nas ruas da cidade complexa. Primeiro vazias, depois atulhadas de pessoas, de rostos enigmáticos e ausentes. Em pouco tempo a minha caminhada torna-se um slalom por entre as almas transeuntes e eu, bem, eu, sinto-me tão só... porque não vens ter comigo se sou eu o teu abrigo?

5 comentários:

Rosie disse...

ohh, gostei tanto de ler... esta muito bem escrito. mas nao fiques assim, anima-te. ha-de tudo correr bem :)

Daisy Maria disse...

é típico, cada vez mais pessoas e cada vez mais sós.
às vezes não reconhecemos a nossa "casa", o nosso "mundo", o sítio onde estamos com aquela pessoa e onde é mais fácil estarmos com nós próprios. é triste, mas é o que temos.
:$ beijinho, Menino do mar *

Menino do mar disse...

Rosie:
Foi uma coisa do momento, bem vinda :)))

Daisy:
Obrigado pelo beijinho, vejo que compreendes o que é a solidão...
beijo...

izzie disse...

"O ar é pesado quando o semblante se carrega com as tristezas do passado, as certezas do presente e as dúvidas do futuro."

Resumes assim, na simplicidade... a Vida...

Beijinho,

Anônimo disse...

Tão acompanhado e tão só não é?
Esse é um sentimento que cada vez mais se sente...

Beijos!!!