quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
O fim de uma década
Que todos os que me acompanham e que eu acompanho, aqui e na vida, estejam cá por muitos e longos anos.
Que os que vierem seja por bem.
Que as estradas sinuosas dêem lugar a rectas a perder de vista.
Que os beijos sejam mais quentes e afectuosos.
Que os abraços sejam mais duradouros.
Que a vida se emancipe em todos nós.
Que a verdade perdure.
Que o amor vença, seja ele de que tipo for.
A todas...
A todos...
...até para o ano.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Uma gaivota na chuva
O mar atirava-se contra as rochas qual animal ferido e enjaulado a desesperar pela liberdade que o levasse para longe do tormento.
Os céus choravam o amor de Verão, em que as plácidas águas, azul transparente, abraçavam os areais e se perdiam a fazer amor suavemente ao pôr do sol e pela noite fora.
Impávida a tudo isto, uma gaivota, qual rei em seu trono, mirava o horizonte. Parecia perdida em pensamentos, alheia a um mar que se revelava cada vez mais ameaçador. Os animais não são assim tão diferentes de nós. Ou talvez o sejam, para melhor. Perdem-se a olhar o horizonte. Vivem o dia na única certeza que o sol nasce a Este e se põe a Oeste. E todos os dias são uma batalha. Não têm tempo para stress, depressões ou angústias, mas têm tempo para olhar o mar., sentir a chuva nas asas, os que as têm, e ver o sol a beijar as nuvens. Se o compreendem, não sei. Mas o que há para compreender na Natureza?
"A borboleta é apenas borboleta. E a flor é apenas flor." já dizia o mestre Caeiro.
O céu começa a ficar mais carregado e as gotas engrossam, metralhando o chão com violência. Na sua rocha sobranceira ao mar, a gaivota sacode um pouco as asas e volta a perder o olhar no vazio. Já terá por ventura comido, penso para mim.
Ao longe um barco enfrenta a tormenta e o cheiro metálico da tempestade chega-me com o frio de um vento molhado que me bate no rosto. Atrevo-me a fechar os olhos e a deixar a chuva penetrar o cabelo e traçar veredas até se libertar no rosto e morrer-me nos lábios. Sinto ao de leve o seu sabor, o sabor de uma Natureza à qual sinto pertencer, da qual sou mais filho que desta em que me obrigo a viver.
Na Natureza dos homens, os elementos já se perderam e a chuva não sabe ao mesmo. O vento gela e não abraça e as gaivotas não olham o mar, ou, simplesmente, nós já não nos detemos a vê-las olhar o mar.
Abro os olhos e refugio-me no conforto do carro. Ligo o rádio e escuto, baixinho, entrecortado entre a chuva que bate no vidro, o som de Nina Simone, Wild is the wind. Apropriado.
Os céus choravam o amor de Verão, em que as plácidas águas, azul transparente, abraçavam os areais e se perdiam a fazer amor suavemente ao pôr do sol e pela noite fora.
Impávida a tudo isto, uma gaivota, qual rei em seu trono, mirava o horizonte. Parecia perdida em pensamentos, alheia a um mar que se revelava cada vez mais ameaçador. Os animais não são assim tão diferentes de nós. Ou talvez o sejam, para melhor. Perdem-se a olhar o horizonte. Vivem o dia na única certeza que o sol nasce a Este e se põe a Oeste. E todos os dias são uma batalha. Não têm tempo para stress, depressões ou angústias, mas têm tempo para olhar o mar., sentir a chuva nas asas, os que as têm, e ver o sol a beijar as nuvens. Se o compreendem, não sei. Mas o que há para compreender na Natureza?
"A borboleta é apenas borboleta. E a flor é apenas flor." já dizia o mestre Caeiro.
O céu começa a ficar mais carregado e as gotas engrossam, metralhando o chão com violência. Na sua rocha sobranceira ao mar, a gaivota sacode um pouco as asas e volta a perder o olhar no vazio. Já terá por ventura comido, penso para mim.
Ao longe um barco enfrenta a tormenta e o cheiro metálico da tempestade chega-me com o frio de um vento molhado que me bate no rosto. Atrevo-me a fechar os olhos e a deixar a chuva penetrar o cabelo e traçar veredas até se libertar no rosto e morrer-me nos lábios. Sinto ao de leve o seu sabor, o sabor de uma Natureza à qual sinto pertencer, da qual sou mais filho que desta em que me obrigo a viver.
Na Natureza dos homens, os elementos já se perderam e a chuva não sabe ao mesmo. O vento gela e não abraça e as gaivotas não olham o mar, ou, simplesmente, nós já não nos detemos a vê-las olhar o mar.
Abro os olhos e refugio-me no conforto do carro. Ligo o rádio e escuto, baixinho, entrecortado entre a chuva que bate no vidro, o som de Nina Simone, Wild is the wind. Apropriado.
"You...
touch me...
I hear the sound
of mandolins
You...
kiss me...
With your kiss
my life begins
You're spring to me
All things
to me"
Lá fora, a gaivota olha a rebentação. Vejo-a abrir as asas e, aproveitando uma rajada de vento, faz-se ao céu que parece agora menos ameaçador.
Olho no retrovisor, com o seu bater de asas compassado ao ritmo do vento, conforme vai ficando mais pequena, e mais pequena, até se perder por completo no horizonte a gaivota que na chuva olhava o mar.
Olho no retrovisor, com o seu bater de asas compassado ao ritmo do vento, conforme vai ficando mais pequena, e mais pequena, até se perder por completo no horizonte a gaivota que na chuva olhava o mar.
domingo, 27 de dezembro de 2009
Carta
Nos relógios residem angústias.
Os ponteiros arrastam-se lentamente e os dias não passam.
É sempre assim quando desejamos muito que chegue algo. Quando queremos ansiosamente que o amanhã seja já hoje. Quando, no fundo, perdemos a capacidade de esperar.
O amor desespera-nos. As horas tornam-se dias e os dias anos quando estamos longe de quem nos faz sentir bem. De quem nos completa e nos faz, verdadeiramente, felizes.
Uma amiga disse-me, uma vez, que os sonhos, as ilusões, não deixam o tampo da sanita levantado. Eu pensei, eu também não, mas no fundo percebi o que ela queria dizer.
Segunda feira, dia 28, faço seis meses de namoro. Um namoro inesperado, surpreendente e que, por isso mesmo, despertou medos, inseguranças, incredulidade e até desconfiança.
Não me parecia real. Não estava já habituado a namorar. Admito que me tinha já, de certa forma, resignado a ir aproveitando as relações fugazes que a vida me ia trazendo. Poderia ter sido assim contigo. Não o foi, porque tu soubeste ser a namorada que eu já não esperava, que eu ainda não sabia existir.
Durante todo este tempo (parecem anos), houve momentos bons, muito bons e outros maus, péssimos, em que quase ia tudo por água abaixo. No entanto, voltaste a saber ser, a saber estar. Poderás dizer-me que também eu o soube, mas, enfrentando a tua assumida teimosia, digo-te, tens sido a minha, a nossa, âncora.
Nestes seis meses não te mostrei a ilusão. Mostrei que, figuradamente, deixo o tampo da sanita levantado. Não sou fácil e tu já o sabes.
Tu és hoje a curva exponencial do meu sentimento, do meu amor e, poderia dizer-te neste momento, que te amo, desafiando o cepticismo de quem me lê e que duvida certamente que se possa amar em apenas seis meses, mas não o vou fazer. Vou continuar a remar, a teu lado, no teu compasso, demonstrando a cada instante aquilo que muitos perguntam ser.
Neste novo ano que se aproxima, não formulo desejos, apenas te dou a certeza de continuar a ser como até aqui e , conhecendo-te, sei que dessa forma vais conceder o desejo que mais espero concretizar, estar a teu lado.
Os ponteiros arrastam-se lentamente e os dias não passam.
É sempre assim quando desejamos muito que chegue algo. Quando queremos ansiosamente que o amanhã seja já hoje. Quando, no fundo, perdemos a capacidade de esperar.
O amor desespera-nos. As horas tornam-se dias e os dias anos quando estamos longe de quem nos faz sentir bem. De quem nos completa e nos faz, verdadeiramente, felizes.
Uma amiga disse-me, uma vez, que os sonhos, as ilusões, não deixam o tampo da sanita levantado. Eu pensei, eu também não, mas no fundo percebi o que ela queria dizer.
Segunda feira, dia 28, faço seis meses de namoro. Um namoro inesperado, surpreendente e que, por isso mesmo, despertou medos, inseguranças, incredulidade e até desconfiança.
Não me parecia real. Não estava já habituado a namorar. Admito que me tinha já, de certa forma, resignado a ir aproveitando as relações fugazes que a vida me ia trazendo. Poderia ter sido assim contigo. Não o foi, porque tu soubeste ser a namorada que eu já não esperava, que eu ainda não sabia existir.
Durante todo este tempo (parecem anos), houve momentos bons, muito bons e outros maus, péssimos, em que quase ia tudo por água abaixo. No entanto, voltaste a saber ser, a saber estar. Poderás dizer-me que também eu o soube, mas, enfrentando a tua assumida teimosia, digo-te, tens sido a minha, a nossa, âncora.
Nestes seis meses não te mostrei a ilusão. Mostrei que, figuradamente, deixo o tampo da sanita levantado. Não sou fácil e tu já o sabes.
Tu és hoje a curva exponencial do meu sentimento, do meu amor e, poderia dizer-te neste momento, que te amo, desafiando o cepticismo de quem me lê e que duvida certamente que se possa amar em apenas seis meses, mas não o vou fazer. Vou continuar a remar, a teu lado, no teu compasso, demonstrando a cada instante aquilo que muitos perguntam ser.
Neste novo ano que se aproxima, não formulo desejos, apenas te dou a certeza de continuar a ser como até aqui e , conhecendo-te, sei que dessa forma vais conceder o desejo que mais espero concretizar, estar a teu lado.
Teu
Menino do Mar
sábado, 26 de dezembro de 2009
Dúvida
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Natal
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
No vidro das janelas
No vidro das janelas que me separam do exterior, forma-se uma película de micro gotas que, ao mesmo tempo que torna a paisagem quase opaca, se apresenta para mim como uma tela carente do afecto de meus dedos.
Risco de alto abaixo o vidro gelado.
À minha passagem, gotas maiores formam-se e desprendem-se, sulcando as mais pequenas e formando rastos de lágrimas até morrerem na madeira por baixo.
Aproximo o rosto do vidro. Encosto-o na humidade, acariciando a superfície gelada, imaginando-me em ti. Ergo a mão e encosto a palma à barreira invisível, molhada, que afasta o vento e me fecha em mim.
Há sempre uma barreira intransponível. Sempre um vidro molhado que torna o horizonte opaco, frio como o gelo que se adivinha lá fora.
Este frio és tu. Cada vez mais longe, mais diferente, mais ausente.
O vidro molhado sou eu, um mar de lágrimas pronto a soltar-se ao mais pequeno toque.
Lá fora, o mar está bravo e o vento chicoteia a paisagem, mudando dunas e vidas.
Não sei se abra a janela. Não sei mesmo...
Risco de alto abaixo o vidro gelado.
À minha passagem, gotas maiores formam-se e desprendem-se, sulcando as mais pequenas e formando rastos de lágrimas até morrerem na madeira por baixo.
Aproximo o rosto do vidro. Encosto-o na humidade, acariciando a superfície gelada, imaginando-me em ti. Ergo a mão e encosto a palma à barreira invisível, molhada, que afasta o vento e me fecha em mim.
Há sempre uma barreira intransponível. Sempre um vidro molhado que torna o horizonte opaco, frio como o gelo que se adivinha lá fora.
Este frio és tu. Cada vez mais longe, mais diferente, mais ausente.
O vidro molhado sou eu, um mar de lágrimas pronto a soltar-se ao mais pequeno toque.
Lá fora, o mar está bravo e o vento chicoteia a paisagem, mudando dunas e vidas.
Não sei se abra a janela. Não sei mesmo...
domingo, 20 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Na porta da minha casa
Tenho um saquinho de veludo que trago sempre comigo. Nele guardo as estrelas tímidas que se escondem do sol durante o dia.
À noite, quando chega a Lua, abro os cordões de pele, e, devagarinho, deixo-as sair uma a uma.
Povoam o céu azul pesado alegremente. Por vezes, descubro uma ou outra adormecida no fundo do saco. Tomo-a nas mãos e, com um leve sopro, embalo-a para o firmamento.
Quando já estão todas nas suas posições, deito-me de costas na relva fresca e fico a vê-las gozarem da companhia da bela mãe Lua, protectora das estrelas.
No momento em que a aurora começa a desbravar o horizonte nocturno, abro novamente o pequenino saco de veludo e ponho-o a meus pés, sobre a relva que me servira há bem pouco tempo de leito.
Uma a uma vão-me sorrindo e saltando para dentro do saco. A última, como sempre, é a estrela da manhã. Tenho que a chamar e prometer-lhe que a deixo ser a primeira a sair na próxima noite.
O sol está a subir no céu e olha-me com um ar zangado, no exacto momento em que puxo os cordões de pele. Sorrio-lhe e vou até casa. São horas de dormir. Mais uma noite que passou.
Na porta da minha casa, tenho o mais belo cinema do mundo. Um universo de estrelas em exibição, noite após noite, só para mim.
À noite, quando chega a Lua, abro os cordões de pele, e, devagarinho, deixo-as sair uma a uma.
Povoam o céu azul pesado alegremente. Por vezes, descubro uma ou outra adormecida no fundo do saco. Tomo-a nas mãos e, com um leve sopro, embalo-a para o firmamento.
Quando já estão todas nas suas posições, deito-me de costas na relva fresca e fico a vê-las gozarem da companhia da bela mãe Lua, protectora das estrelas.
No momento em que a aurora começa a desbravar o horizonte nocturno, abro novamente o pequenino saco de veludo e ponho-o a meus pés, sobre a relva que me servira há bem pouco tempo de leito.
Uma a uma vão-me sorrindo e saltando para dentro do saco. A última, como sempre, é a estrela da manhã. Tenho que a chamar e prometer-lhe que a deixo ser a primeira a sair na próxima noite.
O sol está a subir no céu e olha-me com um ar zangado, no exacto momento em que puxo os cordões de pele. Sorrio-lhe e vou até casa. São horas de dormir. Mais uma noite que passou.
Na porta da minha casa, tenho o mais belo cinema do mundo. Um universo de estrelas em exibição, noite após noite, só para mim.
Há muito tempo...
sábado, 12 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Desafio Maníaco
A LIA, para além de espalhar doçura por essa blogoesfera fora, resolveu também espalhar este desafio que, com muito gosto, vou responder.
Assim sendo, a tarefa consiste em enumerar cinco manias minhas e passar o desafio a cinco seguidores meus.
1ª mania: Tenho a mania que não tenho manias.
2ª mania: Ao acordar, vir directo à sala e ligar a tv nas notícias da TVI.
3ª mania: Comer primeiro o recheio dos pastéis de nata com a colher com que mexo o café e a massa no final.
4ª mania: Estar constantemente a dizer piadas que, muitas vezes, as pessoas não compreendem.
5ª mania: Dormir agarrado a uma almofada quando estou sozinho.
E pronto, estas são as que me lembro assim mais facilmente, agora é nomear cinco dos meus seguidores:
1- Maçã e canela, porque já chega de pausa!
2- Cereja, porque tem umas manias engraçadas de certeza.
3- Anna, para satisfazer a minha curiosidade, serão as suas manias inconscientes?
4- Hyndra, porque adoro o blog dela
5- Vani, porque sei que lhe vou dar cabo da cabeça ao fazê-la escolher só cinco!!
E pronto, já tá :)
Assim sendo, a tarefa consiste em enumerar cinco manias minhas e passar o desafio a cinco seguidores meus.
1ª mania: Tenho a mania que não tenho manias.
2ª mania: Ao acordar, vir directo à sala e ligar a tv nas notícias da TVI.
3ª mania: Comer primeiro o recheio dos pastéis de nata com a colher com que mexo o café e a massa no final.
4ª mania: Estar constantemente a dizer piadas que, muitas vezes, as pessoas não compreendem.
5ª mania: Dormir agarrado a uma almofada quando estou sozinho.
E pronto, estas são as que me lembro assim mais facilmente, agora é nomear cinco dos meus seguidores:
1- Maçã e canela, porque já chega de pausa!
2- Cereja, porque tem umas manias engraçadas de certeza.
3- Anna, para satisfazer a minha curiosidade, serão as suas manias inconscientes?
4- Hyndra, porque adoro o blog dela
5- Vani, porque sei que lhe vou dar cabo da cabeça ao fazê-la escolher só cinco!!
E pronto, já tá :)
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Uma paixão
O dia é longo e o chegar a casa prolonga ainda um pouco mais o trabalho. É comer qualquer coisa e gastar as poucas energias em arrumar o que tão facilmente se desarruma.
Depois, é passar os olhos pelos vossos espaços e tentar contrariar o corpo que se molda ao sofá, numa ânsia de adormecer, e deixar mais um pouco de mim para vocês.
Uma noite destas, quase sem me aperceber, apaixonei-me por algo sem o qual já não passo.
Há quase seis meses que tenho o acesso cabo da MEO e este canal, sinceramente, tinha-me passado completamente ao lado. Agora dou por mim a pensar no momento em que vou chegar a casa, ligá-lo e deixar-me embalar pela playlist escolhida por alguém longe, que nunca me viu, nunca me verá, e que no entanto parece saber na perfeição o que eu preciso para esquecer o que me rodeia. O que preciso para me entregar a mim próprio, numa banda sonora que, como dois braços, me embala.
O canal chama-se C-MUSIC, este é o LINK, e sinceramente, do que estão à espera? Posição 152 da MEO.
Depois, é passar os olhos pelos vossos espaços e tentar contrariar o corpo que se molda ao sofá, numa ânsia de adormecer, e deixar mais um pouco de mim para vocês.
Uma noite destas, quase sem me aperceber, apaixonei-me por algo sem o qual já não passo.
Há quase seis meses que tenho o acesso cabo da MEO e este canal, sinceramente, tinha-me passado completamente ao lado. Agora dou por mim a pensar no momento em que vou chegar a casa, ligá-lo e deixar-me embalar pela playlist escolhida por alguém longe, que nunca me viu, nunca me verá, e que no entanto parece saber na perfeição o que eu preciso para esquecer o que me rodeia. O que preciso para me entregar a mim próprio, numa banda sonora que, como dois braços, me embala.
O canal chama-se C-MUSIC, este é o LINK, e sinceramente, do que estão à espera? Posição 152 da MEO.
Hoje amanheceu assim...
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Tons e sons
Uma sirene ao fundo.
A sala em silêncio.
O sol a fazer-se convidado janela dentro.
Uma vela por arder
um incenso queimado.
O bater de uma alma
em compasso apertado.
A rua vazia.
No vento que corre
uma dança balança
entre um swing e um fado.
A chuva escondeu-se
por detrás do azul
o meu caminho é um mapa
sem norte e sem sul.
domingo, 6 de dezembro de 2009
I've been to...
Inicio hoje uma pequena rubrica aqui na Casa. O intuito é dar-vos a conhecer um pouco mais de mim e, ao mesmo tempo, enganar a falta de inspiração para a escrita que tanto me aflige.
Assim sendo, vou, de vez em quando, publicar fotos de sítios por onde já passei :)
Hoje a contemplada é a bela Budapeste.
Beijos e bom Domingo.
Assim sendo, vou, de vez em quando, publicar fotos de sítios por onde já passei :)
Hoje a contemplada é a bela Budapeste.
Beijos e bom Domingo.
sábado, 5 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Florbela
Inconstância
Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...
E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...
Florbela Espanca
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Um assunto medronho
Esta vida de vendedor não é fácil. É entrar num cliente e,
- Vai um medronho? Olhe que é caseiro, é do bom!
Antes, que eu tenha tempo de responder, já o copinho típico está cheio.
A seguir, noutro cliente,
- Então, o que vai?
- Nada, obrigado senhor António.
- Ora essa, vá, uma minizinha não mal nenhum.
Antes de articular qualquer som, já o barulho da carica a sair me silenciou.
Embora nem sempre me sinta mesmo com vontade, a verdade é que a genuinidade do gesto, me desarma completamente, e acabo por aceitar com um sorriso.
Há pessoas que, na sua simplicidade, nos fazem sentir bem. E isto torna os meus dias, sem dúvida, mais admiráveis. :)
- Vai um medronho? Olhe que é caseiro, é do bom!
Antes, que eu tenha tempo de responder, já o copinho típico está cheio.
A seguir, noutro cliente,
- Então, o que vai?
- Nada, obrigado senhor António.
- Ora essa, vá, uma minizinha não mal nenhum.
Antes de articular qualquer som, já o barulho da carica a sair me silenciou.
Embora nem sempre me sinta mesmo com vontade, a verdade é que a genuinidade do gesto, me desarma completamente, e acabo por aceitar com um sorriso.
Há pessoas que, na sua simplicidade, nos fazem sentir bem. E isto torna os meus dias, sem dúvida, mais admiráveis. :)
Espírito de Natal precisa-se.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
No céu nascem as nuvens
O céu azul do feriado convida ao sonho.
As ruas estão vazias de barulho, vazias de almas. Só eu e uma pequena brisa ousamos incomodar a quietude de um dia ausente.
Aqui e ali, quais carneirinhos celestes, as nuvens brancas dão colorido e pedem-me um sorriso, que concedo. Sou uma alma bem mandada. Reajo sempre ao que a vida provoca em mim.
O sol imperial não consegue disfarçar uma Lua que no céu se esconde à transparência, na sua fase mais admirável. Aquela em que desperta os desejos e faz nascer crianças e amor pelo mundo fora. Sim, a lua está cheia, e nem a claridade invulgar de um dia de Outono a faz desaparecer.
De uma ou outra pastelaria, em que alguém ousou desafiar a preguiça, vem o cheiro de pão e croissants acabados de sair do forno. É um cheiro que quase alimenta, quase se mastiga e nos faz transpôr a porta e procurar satisfazer um ou outro desejo, dando voz ao mais doce dos pecados, a gula.
A sala está quente, não demasiado, o suficiente para me sentir confortável. O cheiro que me despertara o desejo, mistura-se agora com o do café acabado de moer, o da bica acabada de tirar e que, na chávena escaldante, atrai como um bálsamo da vida.
A cafeína acorda meio mundo, faz girar a maioria das sociedades ditas desenvolvidas, e eu, que quero parecer desenvolvido, peço um café e um pastel de nata e sento-me na mesa do canto, onde posso observar as gentes e as nuvens que brincam no céu, formando imagens só perceptíveis aos mais criativos.
A rapariga que me serviu, já a conheço. É a Cristina sem sonhos. Deixou-se perder pelo caminho e quando quis encontra-se, tinha dois filhos e nenhum marido. Acabou por se deixar ficar e ir dando um passo de cada vez.
Triste esta sociedade que estrangula os nosso sonhos.
Abro o Molenskine, destapo a caneta, e começo o meu dia a escrever frases soltas, entre golos de café e pequenas dentadas de pastel de nata.
Na maioria dos meus dias, não me sinto feliz. Não suporto esse estrangulamento a que estou votado e deixo-me dominar por uma tristeza intrínseca, inapelável e sobretudo inexplicável.
A perspectiva faz-me mudar muito o que sinto. Por vezes, basta um pensamento mais alegre para me deixar bem disposto e feliz e a verdade é que hoje, nesta pastelaria da esquina, entre um café e um pastel de nata, penso, o que mais preciso eu?
Sim, hoje estou feliz.
Bom feriado a todas.
As ruas estão vazias de barulho, vazias de almas. Só eu e uma pequena brisa ousamos incomodar a quietude de um dia ausente.
Aqui e ali, quais carneirinhos celestes, as nuvens brancas dão colorido e pedem-me um sorriso, que concedo. Sou uma alma bem mandada. Reajo sempre ao que a vida provoca em mim.
O sol imperial não consegue disfarçar uma Lua que no céu se esconde à transparência, na sua fase mais admirável. Aquela em que desperta os desejos e faz nascer crianças e amor pelo mundo fora. Sim, a lua está cheia, e nem a claridade invulgar de um dia de Outono a faz desaparecer.
De uma ou outra pastelaria, em que alguém ousou desafiar a preguiça, vem o cheiro de pão e croissants acabados de sair do forno. É um cheiro que quase alimenta, quase se mastiga e nos faz transpôr a porta e procurar satisfazer um ou outro desejo, dando voz ao mais doce dos pecados, a gula.
A sala está quente, não demasiado, o suficiente para me sentir confortável. O cheiro que me despertara o desejo, mistura-se agora com o do café acabado de moer, o da bica acabada de tirar e que, na chávena escaldante, atrai como um bálsamo da vida.
A cafeína acorda meio mundo, faz girar a maioria das sociedades ditas desenvolvidas, e eu, que quero parecer desenvolvido, peço um café e um pastel de nata e sento-me na mesa do canto, onde posso observar as gentes e as nuvens que brincam no céu, formando imagens só perceptíveis aos mais criativos.
A rapariga que me serviu, já a conheço. É a Cristina sem sonhos. Deixou-se perder pelo caminho e quando quis encontra-se, tinha dois filhos e nenhum marido. Acabou por se deixar ficar e ir dando um passo de cada vez.
Triste esta sociedade que estrangula os nosso sonhos.
Abro o Molenskine, destapo a caneta, e começo o meu dia a escrever frases soltas, entre golos de café e pequenas dentadas de pastel de nata.
Na maioria dos meus dias, não me sinto feliz. Não suporto esse estrangulamento a que estou votado e deixo-me dominar por uma tristeza intrínseca, inapelável e sobretudo inexplicável.
A perspectiva faz-me mudar muito o que sinto. Por vezes, basta um pensamento mais alegre para me deixar bem disposto e feliz e a verdade é que hoje, nesta pastelaria da esquina, entre um café e um pastel de nata, penso, o que mais preciso eu?
Sim, hoje estou feliz.
Bom feriado a todas.
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