Nos relógios residem angústias.
Os ponteiros arrastam-se lentamente e os dias não passam.
É sempre assim quando desejamos muito que chegue algo. Quando queremos ansiosamente que o amanhã seja já hoje. Quando, no fundo, perdemos a capacidade de esperar.
O amor desespera-nos. As horas tornam-se dias e os dias anos quando estamos longe de quem nos faz sentir bem. De quem nos completa e nos faz, verdadeiramente, felizes.
Uma amiga disse-me, uma vez, que os sonhos, as ilusões, não deixam o tampo da sanita levantado. Eu pensei, eu também não, mas no fundo percebi o que ela queria dizer.
Segunda feira, dia 28, faço seis meses de namoro. Um namoro inesperado, surpreendente e que, por isso mesmo, despertou medos, inseguranças, incredulidade e até desconfiança.
Não me parecia real. Não estava já habituado a namorar. Admito que me tinha já, de certa forma, resignado a ir aproveitando as relações fugazes que a vida me ia trazendo. Poderia ter sido assim contigo. Não o foi, porque tu soubeste ser a namorada que eu já não esperava, que eu ainda não sabia existir.
Durante todo este tempo (parecem anos), houve momentos bons, muito bons e outros maus, péssimos, em que quase ia tudo por água abaixo. No entanto, voltaste a saber ser, a saber estar. Poderás dizer-me que também eu o soube, mas, enfrentando a tua assumida teimosia, digo-te, tens sido a minha, a nossa, âncora.
Nestes seis meses não te mostrei a ilusão. Mostrei que, figuradamente, deixo o tampo da sanita levantado. Não sou fácil e tu já o sabes.
Tu és hoje a curva exponencial do meu sentimento, do meu amor e, poderia dizer-te neste momento, que te amo, desafiando o cepticismo de quem me lê e que duvida certamente que se possa amar em apenas seis meses, mas não o vou fazer. Vou continuar a remar, a teu lado, no teu compasso, demonstrando a cada instante aquilo que muitos perguntam ser.
Neste novo ano que se aproxima, não formulo desejos, apenas te dou a certeza de continuar a ser como até aqui e , conhecendo-te, sei que dessa forma vais conceder o desejo que mais espero concretizar, estar a teu lado.
Teu
Menino do Mar