A cidade amanhece aos poucos, enquanto o cheiro a ria, o mar, a lodo, inunda as ruas despidas de gente. O sol do Outono, esplendoroso, reina alto no céu, apesar de ainda ser bem cedo.
Os sinos repicam a chamar para a missa do dia santo.
Um ou outro casal, vestido a rigor, passeia-se por entre gaivotas atentas, pousadas nas proas dos barcos ancorados e o matraquear das cegonhas altivas que, nos beirados mais altos, vigiam as ruas, atentas a todo o movimento.
Aos domingos de manhã não há carros, ou quase não há. Não há barulho, não há movimento. A languidez do dia contagia tudo e todos. O tempo leva mais tempo, as horas deslizam, não correm.
O som do moinho de café que sai de algumas portas anuncia o aroma que rápido chega ao meu encontro. Deixo-me levar pelo despertar dos meus sentidos. Pela viagem que me leva até terras longínquas onde arbustos enchem as paisagens de pequenas pérolas rosadas que depois da torra, chegam a todos os cantos deste mundo.
Neste pequeno pedaço de universo, de prédios antigos e ruas esquecidas, sigo a calçada gasta do tempo e vou até ao mar. Atravesso a linha do comboio, também ela adormecida e respiro fundo, como se me estivesse a alimentar desta maresia que todos os dias vive presente na cidade mas que hoje, Domingo, apogeu da contemplação, parece mais viva, parece mais real.
Os sinos repicam a chamar para a missa do dia santo.
Um ou outro casal, vestido a rigor, passeia-se por entre gaivotas atentas, pousadas nas proas dos barcos ancorados e o matraquear das cegonhas altivas que, nos beirados mais altos, vigiam as ruas, atentas a todo o movimento.
Aos domingos de manhã não há carros, ou quase não há. Não há barulho, não há movimento. A languidez do dia contagia tudo e todos. O tempo leva mais tempo, as horas deslizam, não correm.
O som do moinho de café que sai de algumas portas anuncia o aroma que rápido chega ao meu encontro. Deixo-me levar pelo despertar dos meus sentidos. Pela viagem que me leva até terras longínquas onde arbustos enchem as paisagens de pequenas pérolas rosadas que depois da torra, chegam a todos os cantos deste mundo.
Neste pequeno pedaço de universo, de prédios antigos e ruas esquecidas, sigo a calçada gasta do tempo e vou até ao mar. Atravesso a linha do comboio, também ela adormecida e respiro fundo, como se me estivesse a alimentar desta maresia que todos os dias vive presente na cidade mas que hoje, Domingo, apogeu da contemplação, parece mais viva, parece mais real.
6 comentários:
Um retrato da cidade que envolve todos os sentidos.
Lembrou-me os passos de Bernardo Soares pela baixa de Lisboa perscrutando a cidade no seu vaguear, distraidamente, atento.
L.B.
gosto do mar no Outono... e da calçada deserta...
O Outono anuncia o arrefecer dos dias mas, paradoxalmente, parece enchê-los de tons terra que deixam transparecer a sensação de aconchego e calor. À mistura com o aroma do café, também ele quente, testemunho das terras de onde brotou, a sensação deste percurso matinal é essa mesma: a de acolhimento. Uma manhã que nos abraça e protege dos salpicos invisíveis do vento das marés que, ao fundo, agitam o azul das águas...
Curioso como consegues fazer-nos navegar no real com a prosa e flutuar pelas emoções com a poesia...
Como sempre faz magia com as letras, quem se juntam em palavras, que formam contagiantes frases.
:)
Que cidade é esta?
Ana:
É a cidade de Faro, minha, não de nascimento mas por adopção :)
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