Pelo mar e pelas praias
pelas dunas e terra adentro
desço a rua como desço a vida,
porta a porta,
esquina a esquina,
degrau a degrau.
As ruas, agora, são vielas
escuras, sombrias,
onde não há noites nem dias,
nem corrimão para me agarrar.
O tempo leva-o o vento,
e nos bancos onde me sento,
assaltam-me as memórias das antigas vitórias.
O espaço é imenso,
apertado num peito sem nexo.
Tudo à minha volta é movimento,
e a chuva que cai agora e me encharca a alma,
é mesma em que nasci,
vivi,
e viajei neste infindável tormento
que é nascer no infinito e perder, pouca a pouco, a chama.
2 comentários:
perder a chama é que não pode ser.
usa o vento e as recordações para te darem força!
Boa parte das mais belas cidades compõe-se de um emaranhado de becos e vielas desordenados, escuros, sinuosos... que quase sempre desembocam numa ampla e luminosa praça, namorada por pombos esvoaçantes, admirada por turistas admirados, encarnada por testemunhos de momentos (bons e maus).
O movimento, o percurso, a ventania, o caminhar para além das vitórias passadas... a linha da vida, portanto!
Que recordemos momentos passados não sem um toque de nostalgia pela impossibilidade da sua imortalização, sim. Agora que os deixemos tomar as rédeas e vedar o caminho a novos momentos, isso não!
Um poema de ritmo lento, de tons cinzentos, de aura triste... e no entanto simples e belo...
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