segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
domingo, 30 de janeiro de 2011
Amor demorado
Eu não sei se crescias de noite ou de dia,
mas era por ti que esperava deitado ao luar.
Como se o vazio me alimentasse,
esperava parado, sentado,
pela água do rio que já tinha passado.
Eu não sei se era a tua voz que cantava,
ecoando pelas ruas despidas nas noites frias,
mas era o teu sorriso que nos vales se despia,
envolto em bruma e em sol a nascer.
Eu não sei se é mágoa que me enche a alma,
ou um amor carente de prazer.
Só sei que há mundos escondidos,
em cada frase que digo ao acordar,
em cada olhar que deito ao longe,
em cada vaga que relembra o mar,
em cada destino que me espera,
e me leva a desejar
estar contigo nesta cama
neste mundo, que é meu para te dar.
domingo, 23 de janeiro de 2011
O tempo
Pelo mar e pelas praias
pelas dunas e terra adentro
desço a rua como desço a vida,
porta a porta,
esquina a esquina,
degrau a degrau.
As ruas, agora, são vielas
escuras, sombrias,
onde não há noites nem dias,
nem corrimão para me agarrar.
O tempo leva-o o vento,
e nos bancos onde me sento,
assaltam-me as memórias das antigas vitórias.
O espaço é imenso,
apertado num peito sem nexo.
Tudo à minha volta é movimento,
e a chuva que cai agora e me encharca a alma,
é mesma em que nasci,
vivi,
e viajei neste infindável tormento
que é nascer no infinito e perder, pouca a pouco, a chama.
Quando te despias
Quando te despias havia sempre um aroma a canela pelo ar. Como se uma brisa se tivesse soltado de um mundo perdido e serpenteando por montes e vales chegasse até mim e agora me beijasse suavemente, enquanto tu, um a um, desabotoavas os botões da camisa e me revelavas os seios que gritavam por mim.
A camisa branca, pura como um algodoeiro, entreaberta, deixava descobrir apenas uma língua de pele, desde o pescoço ao umbigo e luz que resvalava da janela, delineava o contorno das tuas ancas escondidas no tecido inerte.
As minhas mãos sentiam-se em casa sempre que deslizavam em ti, numa descoberta sempre original, num ritmo sempre único, numa dança sempre desejada.
Quando sorriamos, ofegantes, sabiamos sempre que mais que amor, o que sentiamos era uma verdade absoluta.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
32
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
O invisível e o incontável
Serenamente,
avagando como que chegando ao porto,
como que temendo a partida.
Atraso o olhar,
arrasto o beijo,
abraçando-te sem medida.
É nas amarras que me perco,
é nas correntes que me coso.
É na incerteza que eu vejo,
o invisível e o incontável.
É nas palavras que me alongo,
me estendo, e me fermento em mosto,
em vinho no teu copo espremido,
à espera dos teus lábios
à espera do um sentido.
sábado, 1 de janeiro de 2011
9 da manhã
Nove da manhã. Primeiro dia do ano. A casa está silenciosa e quieta. Lá fora a rua imita-a e apenas o sol se atreve a reinar, espelhando-se no alcatrão molhado da humidade da noite.
Dentro de mim, um silêncio ainda maior que o deste dia em que todos se demoram mais um pouco.
Eu não o consegui fazer. Tinha que me levantar e tentar sentir algo.
As palavras ecoam como facas no meu peito, nos meus gestos. Sinto o olhar trémulo e os lábios inquietos. O que fazer? Como começar mais esta etapa?
Na verdade poderia não fazer nada, mas não sei continuar assim.
Precisava de desabafar. A gata olha-me com o desdém reconfortante próprio dos felinos. Não tinha ninguém, não tenho ninguém, vim aqui. Acho que vou voltar. É imensa a falta que me faz escrever.
Estou triste, tenho que avançar, tenho que decidir, tenho que fazer. Haverá lágrimas, sei que sim. Mas tem que ser.
Dói-me o peito. Dói-me a alma. Dói-me qualquer gesto que faça. Dói-me o tempo, pesa-me este viver.
Dia 1 de Janeiro, dia mundial da paz, e eu, eu sinto-me em guerra.
Dentro de mim, um silêncio ainda maior que o deste dia em que todos se demoram mais um pouco.
Eu não o consegui fazer. Tinha que me levantar e tentar sentir algo.
As palavras ecoam como facas no meu peito, nos meus gestos. Sinto o olhar trémulo e os lábios inquietos. O que fazer? Como começar mais esta etapa?
Na verdade poderia não fazer nada, mas não sei continuar assim.
Precisava de desabafar. A gata olha-me com o desdém reconfortante próprio dos felinos. Não tinha ninguém, não tenho ninguém, vim aqui. Acho que vou voltar. É imensa a falta que me faz escrever.
Estou triste, tenho que avançar, tenho que decidir, tenho que fazer. Haverá lágrimas, sei que sim. Mas tem que ser.
Dói-me o peito. Dói-me a alma. Dói-me qualquer gesto que faça. Dói-me o tempo, pesa-me este viver.
Dia 1 de Janeiro, dia mundial da paz, e eu, eu sinto-me em guerra.
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