Havia folhas soltas quando se passeava pelo entardecer na estrada que levava ao lago. Rodopiando ao vento, dançavam, lembrando pequenas fadas em seu redor, num movimento à primeira vista aleatório mas que a fazia sonhar que os seus pés flutuavam e nas suas costas existiam asas de anjo que a podiam levar onde quer que quisesse ir.
Era sempre assim nos dias em que se sentia feliz. Quer estivesse a chover ou o sol brilhasse num foco ofuscante num céu monocromaticamente azul, saía de casa e dirigia-se ao lago. Era filha daquelas águas serenas, nascida numa noite sem Lua, arrancada abruptamente à harmonia de um salgueiro à beira d'água.
Sempre que lá chegava, sentava-se e despia-se. Toda nua entrava na água e deixava-se flutuar, sentido nas costas o mundo de onde viera, sentindo na frente o mundo onde tinha que viver.
Fechava os olhos e voava como as folhas que rodopiavam em seu redor a caminho daquela paz.
Recordava o seu dia, e hoje estava feliz. Conseguira ir no comboio com ele, sentados a pouco mais que 5 metros de distância. Ele não a olhara. Passara todo o tempo absorto na paisagem que corria lá fora, perdido na música que certamente ouvia no seu IPod. Para ela, ele fora a sua paisagem no exterior e os seus quase inexistentes gestos a sua música. A correr passara o tempo e quando ele se levantou para sair e passou por ela, sentiu o seu cheiro e tocou-lhe levemente no braço. Sentira a vontade de o puxar para si, de o abraçar e de o beijar, mas, abriu os olhos e ele já ia a descer as escadas da estação onde sempre saía.
O dia começava a partir e a noite não se esquecera de chegar. Saiu da água, deixando-a escorrer, formando um rasto à sua passagem. Sentiu cada gota percorrer o seu corpo, desejando que fossem as mãos daquele estranho que tanto a fazia sonhar e desejar.
Secou-se, vestiu-se, e partiu, despedindo-se da sua mãe a água, e de seu pai o salgueiro imponente sobre o lago. Na estrada de regresso as folhas estavam caídas, cansadas de se suporem fadas.
Na manhã seguinte apanharia mais um comboio e voltaria a viajar.
Era sempre assim nos dias em que se sentia feliz. Quer estivesse a chover ou o sol brilhasse num foco ofuscante num céu monocromaticamente azul, saía de casa e dirigia-se ao lago. Era filha daquelas águas serenas, nascida numa noite sem Lua, arrancada abruptamente à harmonia de um salgueiro à beira d'água.
Sempre que lá chegava, sentava-se e despia-se. Toda nua entrava na água e deixava-se flutuar, sentido nas costas o mundo de onde viera, sentindo na frente o mundo onde tinha que viver.
Fechava os olhos e voava como as folhas que rodopiavam em seu redor a caminho daquela paz.
Recordava o seu dia, e hoje estava feliz. Conseguira ir no comboio com ele, sentados a pouco mais que 5 metros de distância. Ele não a olhara. Passara todo o tempo absorto na paisagem que corria lá fora, perdido na música que certamente ouvia no seu IPod. Para ela, ele fora a sua paisagem no exterior e os seus quase inexistentes gestos a sua música. A correr passara o tempo e quando ele se levantou para sair e passou por ela, sentiu o seu cheiro e tocou-lhe levemente no braço. Sentira a vontade de o puxar para si, de o abraçar e de o beijar, mas, abriu os olhos e ele já ia a descer as escadas da estação onde sempre saía.
O dia começava a partir e a noite não se esquecera de chegar. Saiu da água, deixando-a escorrer, formando um rasto à sua passagem. Sentiu cada gota percorrer o seu corpo, desejando que fossem as mãos daquele estranho que tanto a fazia sonhar e desejar.
Secou-se, vestiu-se, e partiu, despedindo-se da sua mãe a água, e de seu pai o salgueiro imponente sobre o lago. Na estrada de regresso as folhas estavam caídas, cansadas de se suporem fadas.
Na manhã seguinte apanharia mais um comboio e voltaria a viajar.
4 comentários:
são essas as viagens mais maravilhosas, as que "sabemos" fazer todos os dias, em que cada olhar é um horizonte lindo, cada som é música só p'ra nós da passarada saltitando nos salgueiros e a água a roupa que nos veste de harmonia e serenidade
nessas viagens ninguém nos magoa, visitamos sítios que ninguém conhece,
percorremos estradas maravilhosas, podemos fazer tudo o que mais queremos, ter nas nossas mãos quem amamos, entrar no peito de quem nos quer bem, como se fossemos anjos e quem nos quer bem também
não há invejosos, ninguém para nos cortar as asas e a única coisa que por vezes nos resta O SONHO
viajei neste teu poema
emocionei-me
e em segredo (chorei)
nunca pares de escrever Menino do Mar
ler-te é um alimento
beijos
Bom....muito bom!!1
gostei de ler
Fiquei sem palavras...
Muito bom.
Isa
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