Quero falar-vos desta casa. A casa que fiz nascer com as mãos juntos a este mar que tem tanto de plácido como de selvagem.
Criei-a à minha medida,de janelas grandes, quase sempre abertas para que a luz, os sons e os cheiros da beira-mar se sintam convidados a entrar. São eles que quero sempre perto.
A minha casa é o meu coração. Entra o puro, o natural, o verdadeiro.
Carreguei estacas, pranchas de madeira. Usei incontáveis milhares de pregos e parafusos e, no dia em que coloquei a última telha, soube que era feliz, que não precisava de mais nada para os meus dias.
Daqui, vejo ao longe pescadores a recolherem as suas redes, ou então a fazerem lançamentos e esperarem que o peixe venha. Oiço o burburinho das gaivotas, as sirenes de navios ao largo, os aviões a aterrarem e a levantarem vôo de um aeroporto não muito longe. Levam almas e sonhos, deixam saudades e lágrimas.
Daqui, vejo o mundo, o meu mundo, e as pessoas que passam e olham curiosas este velho sentado na cadeira de baloiço no alpendre em frente ao mar, são também elas mundos e não sabem nem sonham que as sei só de olhar.
Uma vez por mês, no nosso dia, abro uma garrafa do nosso vinho, e não me sento na cadeira de baloiço. Espero o anoitecer, verto um pouco do néctar no copo de escanção e, aproximando o nariz da borda, inspiro profundamente, deixando todo o seu aroma entrar em mim e provocar-me as memórias que tento apagar. Deixo-o levar a melhor de mim e passar perante os meus olhos todos os momentos, todos os lugares onde estivemos, todos os sentimentos partilhados ao som das nossas vozes, ao toque dos nossos lábios, ao prazer de degustar este vinho, o nosso vinho.
Por vezes consigo ir até junto das ondas e olhar o teu reflexo prateado, enquanto alta no céu me recordas que estás longe, e que apenas te posso desejar.
Mais do que a madeira com que a construí, fiz estas paredes com o meu ser, com toda a bagagem emocional do que vivi, do que passei, do que sonhámos.
Era este o nosso sonho, e nem a tua partida me fez recuar.
Esta casa não é só minha, é nossa.
Excerto de um pequeno conto que estou a escrever e que vou tentar publicar em livro
(é esta a surpresa)
Criei-a à minha medida,de janelas grandes, quase sempre abertas para que a luz, os sons e os cheiros da beira-mar se sintam convidados a entrar. São eles que quero sempre perto.
A minha casa é o meu coração. Entra o puro, o natural, o verdadeiro.
Carreguei estacas, pranchas de madeira. Usei incontáveis milhares de pregos e parafusos e, no dia em que coloquei a última telha, soube que era feliz, que não precisava de mais nada para os meus dias.
Daqui, vejo ao longe pescadores a recolherem as suas redes, ou então a fazerem lançamentos e esperarem que o peixe venha. Oiço o burburinho das gaivotas, as sirenes de navios ao largo, os aviões a aterrarem e a levantarem vôo de um aeroporto não muito longe. Levam almas e sonhos, deixam saudades e lágrimas.
Daqui, vejo o mundo, o meu mundo, e as pessoas que passam e olham curiosas este velho sentado na cadeira de baloiço no alpendre em frente ao mar, são também elas mundos e não sabem nem sonham que as sei só de olhar.
Uma vez por mês, no nosso dia, abro uma garrafa do nosso vinho, e não me sento na cadeira de baloiço. Espero o anoitecer, verto um pouco do néctar no copo de escanção e, aproximando o nariz da borda, inspiro profundamente, deixando todo o seu aroma entrar em mim e provocar-me as memórias que tento apagar. Deixo-o levar a melhor de mim e passar perante os meus olhos todos os momentos, todos os lugares onde estivemos, todos os sentimentos partilhados ao som das nossas vozes, ao toque dos nossos lábios, ao prazer de degustar este vinho, o nosso vinho.
Por vezes consigo ir até junto das ondas e olhar o teu reflexo prateado, enquanto alta no céu me recordas que estás longe, e que apenas te posso desejar.
Mais do que a madeira com que a construí, fiz estas paredes com o meu ser, com toda a bagagem emocional do que vivi, do que passei, do que sonhámos.
Era este o nosso sonho, e nem a tua partida me fez recuar.
Esta casa não é só minha, é nossa.
Excerto de um pequeno conto que estou a escrever e que vou tentar publicar em livro
(é esta a surpresa)
11 comentários:
:)) é tão bom quando escreves assim.
Leitores (muitos) o teu livro terá de certeza :))
kiss
ps- e escreve sempre (muito)
Abriu o apetite. Mas não precisava dele para suspeitar que aí viria algo que eu gostaria de ler. Sim, sou sincera e digo o que acho, sempre disse ;)
Já sabes, um para mim, por favor.
parece-me mto bem! dp quero um autógrafo!
Achei fantástico, fiquei presa a estas linhas, quero o resto...
muito bom mesmo, desejo-te muita sorte.
Beijinho*
:-)))))))))
Beijinho de mais um membro do clube de fãs!!!
Gosto de ler-te assim!
Quero esse livro!
Beijo.
Tu sabes bem o quanto gostei deste excerto do conto, meu amor. O quanto me tocou fundo no coração, o quanto me emocionou. Estavas comigo quando o li...
Estou ansiosa à espera do que por aí vem, do texto completo, que de certeza será ainda melhor do que este pedacinho com que nos brindaste, porque tu superas-te a cada dia que passa.
Amo-te.
Flor
Tenho acompanhado este blog praticamente desde o seu início e acredito sinceramente que a tua escrita tem potencial para ir muito além da blogosfera!
Este teu desvendar do véu deixa espreitar um texto bastante aliciante, muito no tom daquilo a que nos tens vindo a habituar nesta casa... um pouco de nostalgia, simplicidade, uma carga sentimental muito forte... e, além de tudo isso, um poder imagístico imenso!
Boa sorte*
sabes que para mim um bom escritor, é aquele que escreve de maneira a que eu consiga visualizar, sentir e quase cheirar os ambientes que descreve. E tu já conseguiste proporcionar-me esta sensação mais que uma vez.
Beijinhos
Eu sabia que ias ;)*
Menino do mar, ainda não tinha visto essa parte, de que era surpresa, e já estava a pensar comentar qualquer coisa como 'vais ser o nicholas sparks português'. e fica a saber que gosto muito mais de ti do que dele, e já tens uma leitora para o teu livro! e vou à sessão de autógrafos na fnac do algarve shopping, está claro xD ou na bertrand do forum algarve.. mas a primeira é mais gira!
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