domingo, 22 de agosto de 2010

Paraíso

Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

David Mourão Ferreira

3 comentários:

OutrosEncantos disse...

Esse soneto de DMF, é dos mais belos dele. Foi uma escolha bonita.
Beijo.

Smurf disse...

Lindo! Então esta última frase "Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso."

Cereja disse...

Selinho para ti no meu blog, desaparecido!